Diferentemente dos planos anteriores, que exigiam apenas a eliminação de três zeros, a conversão para o Real era mais complexa, com a necessidade de transformar 2.750 cruzeiros reais ou uma Unidade Real de Valor (URV) em R$ 1,00. Mesmo com um esquema de distribuição das novas notas e moedas em todo o país, a falta de troco, especialmente de centavos, foi um problema inicial.
O surgimento da nova moeda gerou filas em caixas eletrônicos e estabelecimentos comerciais, onde alguns comerciantes ainda não estavam familiarizados com a conversão. A falta de moedas também causou transtornos, como em pedágios na rodovia Castelo Branco, onde a tarifa era de R$ 2,60 e não havia opções de pagamento eletrônico.
Além disso, as remarcações de preços abusivas foram outro desafio enfrentado nos primeiros dias do Real, resultando até na prisão de gerentes de supermercados e ameaças de interdição de estabelecimentos. Em contrapartida, a população demonstrava aprovação ao Real, conforme pesquisa do Datafolha, destacando a facilidade de compra de produtos básicos com a nova moeda.
Em meio a esse cenário de mudanças, o então candidato à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, era aclamado como o “pai do Real” em Minas Gerais, enquanto Lula mantinha a liderança nas pesquisas de intenção de voto. A charge do cartunista Angeli na Folha de São Paulo ilustrava de forma irônica a ascensão de FHC com o título “doping”, comparando a moeda a substâncias anabolizantes.
Assim, o início da circulação do Real marcou um momento de transição e desafios para a economia brasileira, com reflexos também no cenário político e eleitoral do país.