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  • Rússia e ONU encerram acordo de exportação de alimentos e fertilizantes, sem possibilidade de prorrogação, complicando a segurança alimentar global.

    Fim do Acordo entre Rússia e ONU para Exportação de Alimentos e Fertilizantes: Uma Nova Era de Incertezas

    Após três anos de negociações em meio a um contexto global tenso, o memorando assinado entre a Rússia e a Organização das Nações Unidas (ONU), que facilitava as exportações de produtos agrícolas e fertilizantes, está prestes a expirar. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Vershinin, confirmou que o acordo não será prorrogado após o dia 22 de julho de 2025. Este documento, que teve como objetivo fortalecer a segurança alimentar mundial, não obteve os resultados esperados, deixando um rastro de frustrações e desafios.

    Durante as rodadas finais de consultas realizadas em Genebra, os representantes das duas partes discutiram o que deu certo e o que falhou desde a assinatura do acordo em 2022. Vershinin destacou a importância das lições aprendidas, mas foi enfático ao afirmar que o desempenho geral foi insatisfatório. Entre os principais entraves estavam as exportações de amônia e a importação de peças para maquinário agrícola. O diplomata indicou que a postura do Ocidente, considerada “absolutamente negativa”, dificultou substancialmente a realização das metas estabelecidas.

    O memorando tinha como propósito não apenas facilitar as exportações russas, mas também implementar medidas para desbloquear ativos congelados, retomar transferências bancárias e eliminar obstáculos logísticos que impediam o fluxo comercial. Esses objetivos, no entanto, não foram alcançados, resultando em uma avaliação detalhada e desanimadora por parte das autoridades russas.

    Vale lembrar que o acordo fazia parte de um pacto alimentar mais amplo, que incluía iniciativas significativas voltadas para a segurança alimentar global. Entretanto, a Rússia suspendeu sua participação na Iniciativa de Grãos do Mar Negro no ano passado, após a ONU não conseguir assegurar a remoção das restrições econômicas impostas pelos EUA e pela União Europeia sobre suas exportações.

    Com a proximidade do fim do memorando, o cenário global de segurança alimentar enfrenta novas incertezas, e a continuidade das discussões para encontrar soluções que mitiguem os problemas pode se tornar um desafio ainda maior. A ausência de prorrogação do acordo entre Rússia e ONU é um sinal claro de que as tensões geopolíticas ainda dominam o cenário das relações internacionais, especialmente em um momento em que a produção e a distribuição de alimentos são cruciais para a estabilidade global.

  • POLÍTICA – Lula e Modi abordam parceria Brasil-Índia e reivindicam assento permanente no Conselho de Segurança da ONU durante encontro em Brasília.

    Na terça-feira, 8 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em uma visita de Estado que ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília. A chegada de Modi à capital federal foi significativa, pois representou a estreita relação entre dois países que, juntos, somam uma população de 1,4 bilhão de habitantes. O primeiro-ministro indiano estava na cidade após sua participação na cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro.

    Durante o encontro, Lula enfatizou a necessidade de um maior protagonismo do Brasil e da Índia nas decisões globais, reiterando o pedido para que ambos os países se tornem membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Em uma declaração contundente, Lula destacou que a ONU não pode continuar a ser vista como uma instituição fraca e sem importância. “Nós reivindicamos o direito de participar no Conselho de Segurança. É inaceitável que os membros permanentes, que deveriam garantir a paz, sejam muitas vezes os que fomentam conflitos”, afirmou.

    Modi, por sua vez, elogiou a parceria entre as duas nações, descrevendo-a como um pilar de estabilidade em um mundo repleto de incertezas. Ele salientou que as disputas internacionais devem ser resolvidas por meio do diálogo e da democracia, afirmando que as visões dos dois países são unidas no combate ao terrorismo, com uma abordagem de “tolerância zero”.

    Outro ponto abordado por Lula foi a expansão do comércio bilateral, evidenciando a necessidade de aprimorar o Acordo Mercosul-Índia. Atualmente, apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia estão cobertas por esse acordo, o que representa uma oportunidade inexplorada de crescimento. Em 2024, o comércio entre os dois países alcançou a marca de US$ 12 bilhões, com Lula apontando setores como turismo, negócios e intercâmbio cultural como áreas promissoras para aprofundar as relações.

    Modi compartilhou uma meta ambiciosa de aumentar o fluxo comercial entre as duas nações para US$ 20 bilhões nos próximos cinco anos, enfatizando o comprometimento mútuo com a expansão dos laços comerciais.

    Os líderes assinaram acordos estratégicos em diversas áreas, incluindo um pacto para combater o terrorismo e o crime organizado, um memorando na área de energia renovável e outro focado em soluções digitais. Na pauta ambiental, Lula destacou a cooperação no enfrentamento das mudanças climáticas, apresentando um compromisso conjunto para a COP 30, na qual Brasil e Índia almejam ser líderes na transição energética.

    Por fim, Lula criticou a postura do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação ao Brics, afirmando que o Brasil não aceita quaisquer tentativas de pressão sobre as relações comerciais com os países do bloco. “Não concordamos com insinuações de tarifas ou penalizações pela nossa aliança. O mundo deve respeitar nossas escolhas e colaborações”, concluiu. Este encontro não apenas fortalece os vínculos entre Brasil e Índia, mas também sinaliza um novo caminho para a governança global, com ênfase em diálogo e cooperação mútua.

  • INTERNACIONAL – Brics reafirma apoio à solução de dois Estados para Palestina e Israel, enquanto Irã propõe referendo de Estado único em meio ao conflito em Gaza.

    A 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, reafirmou seu apoio à solução de dois Estados para o conflito entre palestinos e israelenses, que já dura mais de setenta anos. A declaração final do encontro destaca a importância da criação de um Estado palestino viável e soberano nas fronteiras internacionalmente reconhecidas de 1967, um tema que continua sendo central nas discussões sobre a paz na região. Desde que Israel assumiu o controle da Faixa de Gaza e da Cisjordânia naquele ano, a questão da soberania palestina tem gerado intensos debates e tensões.

    O texto oficial da cúpula também expressa preocupação com a situação atual nos territórios ocupados, enfatizando a necessidade da retirada total das forças israelenses dessas áreas. O Brics condenou os ataques contínuos de Israel sobre Gaza e a obstrução da ajuda humanitária, apelando a todas as partes envolvidas que se unam em conversações de boa-fé para um cessar-fogo imediato e a liberação dos reféns palestinos detidos.

    Por outro lado, a posição do Irã, um membro do Brics, diverge da proposta de dois Estados. O chanceler iraniano descreveu essa solução como “irreal” e fez um apelo por um referendo que envolva todos os habitantes históricos da Palestina, independentemente de sua crença religiosa. Essa abordagem, segundo ele, se equipara à luta contra o apartheid sul-africano, onde a democracia e o referendo foram os meios de trazer mudanças significativas, ao invés da simples divisão territorial.

    Além das discussões sobre a solução de dois Estados, a cúpula manifestou firme oposição ao deslocamento forçado da população palestina e a qualquer alteração demográfica na região. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se dirigiu aos Estados Unidos para tratar sobre o futuro da guerra em Gaza, onde a proposta de emigração forçada de palestinos tem sido amplamente debatida.

    A situação nos territórios ocupados se agrava, com um aumento no deslocamento forçado de palestinos, especialmente na Cisjordânia, onde até 40 mil pessoas teriam sido expelidas de suas casas nos últimos meses, o que configura a maior operação militar na região em duas décadas. O Brics destacou a indissociabilidade da Faixa de Gaza do território palestino e a necessidade de unificação sob a Autoridade Palestina.

    Este conflito, que tem raízes profundas na história da Palestina, remonta a 1947, quando uma resolução da ONU propôs a divisão da Palestina histórica em dois Estados, proposta que nunca foi implementada e que levou à criação do Estado de Israel. As tensões que se desencadearam desde então resultaram na expulsão massiva de palestinos e na contínua luta pela autodeterminação e reconhecimento de seus direitos.

    Em meio a essa realidade, a comunidade internacional continua a olhar para soluções que possam trazer paz duradoura ao Oriente Médio, mas os desafios permanecem imensos.

  • POLÍTICA – Lula aponta reforma da ONU como urgente para evitar instabilidade global e criticou intervenção militar e gasto em armas durante cúpula do Brics no Rio de Janeiro.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, durante a abertura da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, que a morosidade na reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contribui para aumentar a instabilidade e o perigo no cenário mundial. Lula foi o primeiro a discursar na sessão sobre Paz e Segurança, onde expressou sua preocupação com as crises globais, ressaltando que esta é a presidência do Brics em um contexto internacional mais desfavorável.

    Ele enfatizou que, atualmente, o multilateralismo enfrenta um colapso sem precedentes, afirmando que o Brics deve ser considerado como herdeiro do Movimento Não-Alinhado, que historicamente resiste às imposições ocidentais, comandadas pelos Estados Unidos. A falta de autonomia e o ataque ao multilateralismo geram ameaças a conquistas em áreas vitais como comércio, meio ambiente e saúde global.

    Além da crítica à inércia do Conselho de Segurança, o presidente argumentou que as decisões deste órgão se tornaram desprovidas de credibilidade e estão, muitas vezes, à margem de conflitos já em curso. Ele citou a necessidade de reforma para incluir mais países com assento permanente, uma demanda que o Brasil tem levado adiante há anos. Lula apontou que, em muitos casos, o Conselho não é sequer consultado antes de ações militares serem tomadas, o que não apenas enfraquece sua autoridade, mas também compromete sua relevância.

    O presidente abordou, ainda, o aumento dos gastos militares, que, segundo ele, priorizam a corrida armamentista em detrimento de investimentos em desenvolvimento e assistência humanitária. Ele denunciou as intervenções de potências no Oriente Médio e no norte da África, o que, a seu ver, reforça a necessidade de um diplomacia mais eficaz e respeito ao direito internacional. Em relação às tensões no Irã, Lula reafirmou a posição de não respaldo a ofensivas militares, enquanto condenou tanto o terrorismo do Hamas quanto as ações de Israel em Gaza.

    Por fim, Lula convocou o Brics a desempenhar um papel ativo na reestruturação da governança global, afirmando que é urgente tornar o Conselho de Segurança mais legítimo e inclusivo. Ele defende que isso não apenas representa uma questão de equidade, mas é crucial para a sobrevivência da ONU em uma era cada vez mais multipolar. Para o presidente, adiar essa reforma só serve para perpetuar a instabilidade e o risco global.

  • Ministro aponta super-ricos como financiadores da extrema-direita e critica ONU por inércia em relação ao conflito palestino durante encontro do BRICS no Rio de Janeiro.

    Na última sexta-feira, 4 de julho de 2025, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, fez contundentes declarações durante uma reunião do Conselho Popular do BRICS, realizada no Rio de Janeiro. Em uma provocativa crítica à Organização das Nações Unidas (ONU), ele apontou a ineficácia do organismo em passos significativos sobre a questão palestina, afirmando que a entidade não consegue criar um Estado palestino, mesmo tendo sido capaz de fundamentar a criação do Estado de Israel.

    Macedo classificou a situação em Gaza como um “genocídio”, exigindo uma intervenção urgente da ONU para proteger civis, incluindo mulheres e crianças que estão sendo seriamente afetados. “A ONU é incapaz de intervir nesse conflito e dizer: ‘Parem com esse genocídio’”, reforçou ele, evidenciando a necessidade de levar esse debate à sociedade e aos organismos internacionais, destacando o papel fundamental do BRICS nesse processo.

    Além de criticar a ONU, Macedo fez observações sobre a influência dos super-ricos no crescimento da extrema-direita global. Ele afirmou que esses indivíduos acumulam poder por meio da tecnologia e da desinformação, interrompendo processos democráticos e influenciando decisões que afetaram milhões. “Os trilionários do mundo resolveram financiar a extrema-direita e se apropriar das redes digitais”, destacou.

    Na mesma reunião, o subsecretário de Finanças Internacionais e Cooperação Econômica, Antonio Freitas, informou que o BRICS já negociou três declarações financeiras para a cúpula que se aproxima, incluindo uma em relação à necessidade de taxar os ultra-ricos. Freitas salientou que a construção desse entendimento entre os países do bloco não foi simples, mas é essencial para fomentar uma maior justiça fiscal global.

    A representante russa no evento, Victoria Panova, elogiou a abordagem do BRICS em atender as questões sociais, enfatizando que a voz da população deve ser ouvida nas questões que afetam a política e a economia. O Conselho Popular, estabelecido em 2024, busca integrar essas vozes nas deliberações do grupo.

    O encontro, que durará até o próximo dia 5 de julho, contará com a participação de representantes de diversas nações, como África do Sul, Etiópia e Indonésia, e culminará em uma declaração final que será entregue aos líderes do BRICS durante a cúpula marcada para 6 e 7 de julho. Este momento é visto como uma oportunidade significativa para consolidar a ação do BRICS em torno das demandas populares e discutir temas urgentes que afetam a comunidade internacional.

  • Moscou e ONU enfrentam obstáculos na exportação de alimentos e fertilizantes: negociações não avançam e sanções ocidentais complicam acesso aos mercados internacionais.

    Os esforços da Rússia e da Organização das Nações Unidas (ONU) para garantir a exportação de alimentos e fertilizantes russos têm enfrentado sérias dificuldades, com avanços limitados nas negociações. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Vershinin, anunciou que uma rodada final de consultas está prevista para o dia 11 de julho em Genebra. Essa conversa se insere no contexto do memorando que tem validade até o final de julho e busca normalizar o fluxo de produtos agrícolas do país.

    Vershinin destacou que o principal obstáculo nessas negociações são as sanções unilaterais impostas por países ocidentais, que têm a intenção de restringir o acesso russo a mercados internacionais. Tais sanções dificultam a exportação de fertilizantes e alimentos, impactando diretamente a segurança alimentar global, especialmente em um momento em que a guerra na Ucrânia continua a afetar a dinâmica de oferta e demanda no setor agrícola.

    Um acordo crucial, conhecido como Iniciativa de Grãos do Mar Negro, foi assinado em julho de 2022 por representantes da Rússia, Turquia, Ucrânia e ONU. Este acordo previa a facilitação das exportações de grãos e produtos agrícolas, mas a Rússia se retirou da iniciativa em julho de 2023, citando o uso das rotas humanitárias por parte da Ucrânia para realizar ataques, além da falta de compromissos por parte de Kiev em relação à normalização do acesso aos produtos agrícolas russos.

    O memorando Rússia-ONU, que acompanhava esta iniciativa, estabelecia uma série de medidas que deveriam facilitar a reconexão do Rosselkhozbank ao sistema financeiro SWIFT, o fornecimento de equipamentos agrícolas e a reativação de oleodutos importantes. Entretanto, a Rússia se vê impossibilitada de usufruir dessas condições, perpetuando uma crise que tem implicações não só para a economia russa, mas também para a segurança alimentar em nível mundial.

    A complexidade do panorama internacional atual e a exacerbada tensão entre Rússia e países ocidentais dificultam a continuidade de qualquer diálogo que possa levar a uma solução eficaz. Assim, tanto Moscou quanto a ONU enfrentam um grande desafio na busca por um consenso que beneficie a produção agrícola não apenas da Rússia, mas também de outras nações dependentes desses recursos.