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  • Irã Reafirma Compromisso com AIEA, Mas Cooperação Passará por Mudanças Estruturais, Afirma Ministro das Relações Exteriores

    O cenário nuclear do Irã está passando por transformações significativas, conforme revelações recentes do ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi. Em um encontro com diplomatas em Teerã, Araghchi anunciou que a cooperação do país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não foi interrompida, mas sim reconfigurada. Ele destacou que essa mudança é “absolutamente natural” diante da dinâmica atual e dos eventos que têm ocorrido.

    Essas declarações surgem em um momento delicado, onde a relação entre o Irã e a AIEA tem sido objeto de intenso escrutínio internacional. O ministro esclareceu que toda a futura assistência entre o Irã e a AIEA será supervisionada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional, refletindo uma nova abordagem que deve ser adotada pelo governo iraniano. Apesar das mudanças, Araghchi reiterou que Teerã permanece firme em seu compromisso com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), assegurando que seu programa nuclear é de fins pacíficos.

    Contudo, o ambiente político no Irã está se tornando cada vez mais tenso. Recentemente, o presidente do parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, anunciou a promulgação de uma lei que suspende a cooperação com a AIEA. Ghalibaf demonstrou descontentamento com a agência, classificando-a como uma “defensora e serva” de Israel. Ele condicionou qualquer colaboração futura à garantia da segurança das instalações nucleares do Irã, o que indica um endurecimento da posição iraniana nas negociações nucleares.

    Esse contexto reflete uma complexa teia de geopolitica, onde a segurança nuclear do Irã está interligada às tensões regionais e internacionais. Araghchi enfatizou que a preservação e segurança das capacidades nucleares do país são prioritárias, confirmando que o programa nuclear irá continuar, mas em uma nova fase de cooperação que deve levar em consideração os recentes desenvolvimentos.

    Assim, à medida que os desdobramentos dessa nova relação entre o Irã e a AIEA se desenrolam, o mundo observa atentamente, ciente de que qualquer alteração na política nuclear do Irã pode ter repercussões significativas em um cenário geopolítico já instável.

  • INTERNACIONAL – Lula Defende Brics como Alternativa ao Multilateralismo Tradicional em Cúpula no Rio: “Não Nasceu para Afrontar Ninguém” e Critica Austeridade do FMI

    Na última segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez declarações significativas a respeito do Brics, grupo formado por países emergentes, logo após a 17ª Cúpula de Líderes, realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. Durante sua coletiva de imprensa, Lula destacou que o Brics não nasceu com a intenção de desafiar nenhum país, mas sim como uma alternativa política que prioriza a solidariedade entre nações.

    “O Brics é um novo modelo, que visa a colaboração, e não um confronto”, afirmou Lula, enfatizando a necessidade de mudar a maneira como a política global é conduzida. O presidente também criticou o atual sistema de governança internacional, notadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI), que, segundo ele, tem imposto políticas de austeridade ineptas que levam países em desenvolvimento à falência.

    Lula sustentou que o modelo de empréstimos do FMI, frequentemente atrelado a exigências rigorosas, tem exacerbado as dificuldades financeiras dos países mais pobres, tornando suas dívidas cada vez mais impagáveis. Ele também questionou a estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que permite que apenas cinco dos 15 membros tenham assento permanente e poder de veto, o que, segundo ele, é inadmissível em um mundo em mudança.

    O presidente evocou o aumento de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, mencionando eventos como a guerra do Iraque e invasões da Líbia e da Ucrânia. Lula salientou que a percepção de impotência do Conselho de Segurança em evitar guerras mina a credibilidade da ONU na mediação de conflitos.

    Além dessas questões, Lula manifestou apoio à ideia de que Brasil e Índia desempenhem papéis mais significativos no Conselho de Segurança da ONU, como respondido na declaração final da cúpula, que contou com apoio dos líderes da China e da Rússia.

    Lula dedicou parte de sua fala à situação na Faixa de Gaza, condenando a ofensiva israelense e caracterizando os ataques como genocídio, um ponto que já havia abordado anteriormente.

    O Brics, atualmente, é composto por 11 países membros e 10 parceiros, e apresenta-se como um espaço inclusivo, não como um “clube de privilegiados”, conforme ressaltou Lula, defendendo que o grupo está aberto à adesão de novas nações. Em sua análise sobre o comércio, ele abordou a ideia de transações em moedas locais, sugerindo que a dependência do dólar americano precisa ser superada, embora reconheça os desafios históricos desse movimento.

    Por fim, o Brics, que representa 39% da economia global e abrange quase metade da população mundial, continua a se consolidar como uma alternativa viável de cooperação internacional, à medida que busca transformar suas relações econômicas e sociais. A presidência do bloco será assumida pela Índia em 2026, após o período de liderança brasileira.

  • POLÍTICA – Lula defende novas formas de financiamento sustentável em reunião do Novo Banco de Desenvolvimento para apoiar países em desenvolvimento sem austeridade.

    Na última sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que instituições financeiras globais busquem novas abordagens para financiar o desenvolvimento sustentável sem impor condicionalidades e medidas de austeridade que comprometem os investimentos, especialmente nos países em desenvolvimento. Durante sua participação na reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), em Rio de Janeiro, Lula enfatizou que a ajuda financeira deve ser vista como uma oportunidade para que indivíduos possam superar a pobreza ao invés de simplesmente uma doação. “Não é doação de dinheiro, é empréstimo para que pessoas possam ter uma chance de sair da miséria em que estão”, afirmou.

    Este evento se deu em um contexto preparatório para a iminente Cúpula de Líderes do Brics, que está marcada para os dias 6 e 7 de outubro. Durante sua fala, Lula destacou a necessidade urgente de um novo modelo de financiamento, apontando que a austeridade imposta por instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial não surtiu efeitos positivos; ao contrário, aumentou a desigualdade, beneficiando os mais ricos em detrimento dos mais pobres.

    Outra questão crítica abordada pelo presidente foi a elevada dívida dos países africanos, estimada em 900 bilhões de dólares, que inviabiliza o desenvolvimento econômico. Ele destacou que o pagamento de juros dessas dívidas supera os recursos disponíveis para investimento, o que perpetua o ciclo da pobreza no continente. Ao citar o caso do Haiti, Lula lembrou que o país, que já enfrenta sérios problemas internos e sociais, ainda convive com as consequências de sua dívida histórica com a França pela independência.

    Em relação ao NDB, criado em 2014 como uma alternativa às instituições financeiras tradicionais, Lula ressaltou seu compromisso de direcionar 40% dos financiamentos para projetos de desenvolvimento sustentável. Até hoje, o banco já aprovou mais de 120 projetos em áreas como energia limpa e saneamento, totalizando um investimento de 40 bilhões de dólares.

    A sustentabilidade e a integração de novas tecnologias também foram discutidas, com o presidente indicando a iniciativa de um estudo para viabilizar um cabo submarino que conectaria os países do Brics, promovendo maior soberania e eficiência na troca de dados. Lula concluiu, reafirmando a importância do NDB no cenário global, onde a instabilidade, o protecionismo e a crise climática exigem uma nova arquitetura financeira que promova um desenvolvimento mais equitativo e justo para todos.