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  • POLÍTICA – Lula defende multilateralismo como solução para desafios globais e alerta sobre os riscos da “lei do mais forte” no comércio internacional.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu recentemente uma abordagem focada na diplomacia, cooperação e multilateralismo como respostas imprescindíveis aos desafios globais contemporâneos. Em um artigo amplamente divulgado, Lula expressou preocupações sobre a crescente prevalência da “lei do mais forte” no cenário internacional, alertando que essa dinâmica ameaça a estrutura do comércio multilateral.

    Embora não tenha mencionado especificamente as medidas de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro criticou essa postura, ressaltando que a implementação de tarifas gerais pode impulsionar a economia global a uma “espiral de preços altos e estagnação”. O presidente brasileiro enfatizou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) se tornou ineficaz e que o progresso da rodada de desenvolvimento de Doha foi relegado ao esquecimento. Para ele, é vital reestruturar as instituições multilaterais para que reflitam as novas realidades sociais e econômicas do mundo.

    Lula também se referiu a 2025 como o ano em que a ONU deve celebrar seus 80 anos, mas advertiu que esse marco pode ser ofuscado pela crise da ordem internacional. Ele lembrou que os conflitos recentes, como as intervenções no Iraque, Afeganistão e na Líbia, evidenciam a banalização da força, enquanto a recente escalada de violência no Oriente Médio exemplifica a falência das estruturas atuais de mediação.

    O presidente destacou que a crise financeira de 2008 expôs os limites da globalização neoliberal, e a resposta global a essa crise não foi no sentido correto. Em vez de promover a igualdade, muitos países optaram por cortar programas de cooperação internacional, perpetuando uma realidade onde mais de 700 milhões de pessoas ainda enfrentam a fome.

    Além disso, Lula abordou a crise climática, em que os países desenvolvidos, principais emissores de carbono, devem assumir responsabilidades mais significativas. Ele citou dados preocupantes sobre as temperaturas globais e o incumprimento de compromissos climáticos, como os acordos financeiros da COP 15.

    Em um cenário de polarização crescente, o presidente ressaltou que é impossível fugir das interdependências globais e que o Brasil continua a se posicionar como um agente facilitador da colaboração internacional, destacando sua atuação no G20 e outros fóruns. Por fim, Lula enfatizou que a paz e a prosperidade em um mundo interconectado são inegociáveis e devem ser buscadas por meio do diálogo e da inclusão.

  • Lula defende BRICS como novo modelo de multilateralismo e critica velhos paradigmas da ONU em discurso no Rio de Janeiro.

    Na última segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância do BRICS como um novo paradigma para o multilateralismo global. Durante sua fala na cúpula do grupo, realizada no Rio de Janeiro, Lula destacou que a organização busca promover o respeito à soberania dos países membros e rejeitar qualquer forma de tutelagem. O mandatario brasileiro sublinhou que o mundo atual não pode ser comparado ao cenário de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, e expressou a necessidade de transformar a Organização das Nações Unidas (ONU) para que suas ações sejam mais eficazes e relevantes.

    Lula criticou a estrutura atual do Conselho de Segurança da ONU, apontando que nações como Brasil, África do Sul, Egito e Índia ficam excluídas de decisões cruciais, o que ele caracteriza como um “shopping ideológico”. Para ele, é fundamental que se repense o modelo da ONU, a fim de encontrar uma solução que não se limite a discursos vazios, mas que realmente atenda às necessidades da comunidade internacional.

    Em um tom firme, Lula também fez referência a ideologias ultrapassadas, afirmando que somente aqueles que defendem o nazismo e o fascismo desejam retornar àquela era. Ele enfatizou que o BRICS deve se concentrar em fortalecer a democracia, a paz e o desenvolvimento colaborativo entre seus membros.

    Além disso, o presidente brasileiro reagiu a críticas do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que havia feito comentários desdenhosos sobre as políticas do BRICS e sua suposta postura “anti-americana”. Lula desaprovou a postura de Trump, afirmando que ameaças vindas de um líder de uma potência como os Estados Unidos não são responsabilidade. Para Lula, é essencial que Estados soberanos, como os que compõem o BRICS, operem com independência e respeito mútuo.

    Em relação a conflitos internacionais, Lula mencionou a questão do Irã e a solução de dois estados entre palestinos e israelenses, reforçando que, embora o Brasil defenda essa abordagem, não cabe ao Brasil exigir mudanças na posição iraniana. Por último, o presidente abordou a necessidade de alternativas ao uso do dólar nas transações internacionais. Para ele, não existe justificativa para a dominação da moeda americana nas negociações globais, e isso deve ser discutido no âmbito do BRICS.