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  • SAÚDE – Próteses biodegradáveis e impressas em 3D prometem revolucionar tratamentos de infecções em pacientes com articulações danificadas, oferecendo nova esperança à saúde pública.

    A evolução da medicina tem proporcionado avanços significativos na qualidade de vida de muitas pessoas, especialmente entre os idosos, através da substituição de articulações desgastadas por próteses. Esses procedimentos cirúrgicos têm se tornado comuns e, em muitos casos, permitem que os pacientes voltem a se locomover sem dor. No entanto, um desafio persistente é a ocorrência de infecções pós-operatórias, que podem exigir o uso prolongado de antibióticos e, frequentemente, resultam na remoção das próteses, limitando novamente a mobilidade dos pacientes.

    Em resposta a essa problemática, um grupo de pesquisadores paranaenses desenvolveu um projeto inovador que envolve a criação de uma prótese biodegradável, fabricada por meio de impressão 3D, utilizando um polímero plástico que pode ser impregnado com antibióticos. Essa tecnologia se encontra em fase de testes clínicos e já foi aplicada em 15 pacientes no Hospital Universitário Cajuru, localizado em Curitiba. Os resultados iniciais foram promissores, sinalizando um avanço no combate às infecções associadas às próteses.

    Conforme explica Felipe Francisco Tuon, professor e líder do projeto no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, as próteses temporárias com antibiótico atualmente disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) são escassas e importadas, o que encarece seu uso. A solução proposta pela equipe se destaca não apenas pela acessibilidade, mas também pela possibilidade de um tratamento mais eficaz em casos de infecção.

    Quando um paciente apresenta complicações infecciosas, o procedimento habitual requer a remoção da prótese de titânio, deixando a pessoa sem nenhuma substituição enquanto a infecção é tratada, um processo que pode levar cerca de seis meses. Nesse intervalo, os pacientes frequentemente enfrentam dor intensa e limitações severas na mobilidade. A nova prótese de polímero biodegradável, por outro lado, é projetada para substituir temporariamente a prótese permanente durante o tratamento, o que ajuda a reduzir a dor e o risco de complicações associadas.

    A impressão 3D oferece uma vantagem adicional na fabricação das próteses, permitindo tanto a criação de modelos padronizados a um custo reduzido quanto a personalização de peças para atender às necessidades específicas de pacientes, utilizando tomografias computadorizadas.

    Os testes com a prótese temporária de quadril ainda estão em andamento, e a equipe de pesquisa planeja expandir seus estudos para incluir próteses de joelho e ombro no próximo ano. Com recursos financeiros obtidos por meio de um financiamento significativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a equipe está estabelecendo um novo centro de impressão 3D. Isso permitirá que as próteses sejam distribuídas para hospitais de todo o Brasil, ampliando o acesso a esse tratamento inovador. O objetivo final é garantir que todos os hospitais interessados tenham a oportunidade de participar deste projeto transformador, assegurando o fornecimento contínuo de próteses para atender à demanda crescente.

  • Vírus da Herpes Simples Manipula DNA Humano para Facilitar Sua Reprodução: Estudo Revela Estratégia Inesperada do HSV-1 em Células Infectadas.

    Recentemente, um estudo inovador revelou que o vírus da herpes simples tipo 1 (HSV-1), conhecido por causar herpes labial, possui a extraordinária capacidade de manipular o DNA humano para favorecer sua própria reprodução. Essa pesquisa, realizada por cientistas do Centro de Regulação Genômica (CRG), em Barcelona, revelou uma faceta surpreendente do HSV-1: além de invadir as células hospedeiras, o vírus interfere na estrutura tridimensional do DNA, atuando quase como um “designer de interiores” do material genético.

    A primeira autora da pesquisa, Esther González Almela, esclarece que essa adaptação não é um mero efeito colateral da infecção, mas sim uma estratégia intencional empregada pelo vírus algumas horas após sua entrada nas células. O HSV-1 visa aproximar genes que favorecem sua replicação, ao mesmo tempo que suprime aqueles que poderiam comprometer esse processo.

    Utilizando tecnologias de ponta em imagem e análise de DNA, os pesquisadores observaram que, em questão de uma hora após a infecção, o vírus sequestra a enzima RNA-polimerase II, crucial para a produção de proteínas, direcionando-a a regiões específicas da célula onde seu material genético é replicado. Plataformas adicionais, como a topoisomerase I e a coesina, são recrutadas para auxiliar na estruturação do DNA. Isso resulta em uma drástica compactação da cromatina, reduzindo seu volume em até 70%, e consequentemente interrompendo a ativação de genes humanos.

    O coautor do estudo, Álvaro Castells García, destacou a revelação intrigante de que a densidade da cromatina não apenas silencia genes, mas que essa relação entre a atividade genética e a estrutura do DNA pode se manifestar de maneira bidirecional. Com a pesquisa identificando a topoisomerase I como uma enzima crítica para a manipulação do DNA pelo vírus, os cientistas sugerem que bloquear sua atividade pode ser uma forma eficaz de impedir a replicação viral.

    Apesar de o HSV-1 ser amplamente comum e em muitos casos assintomático, ele pode provocar complicações graves, como encefalite e cegueira, especialmente em populações vulneráveis. Os resultados desse estudo fornecem um novo entendimento sobre as interações entre o vírus e o material genético humano, abrindo portas para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes que possam impedir que o vírus exerça controle sobre o DNA do hospedeiro.

    A descoberta oferece uma esperança significativa na luta contra o HSV-1 e ressalta a complexidade das interações entre vírus e células humanas, sugerindo que o entendimento aprofundado dos mecanismos de infecção pode levar a terapias inovadoras no futuro.