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  • POLÍTICA – Lula e Modi abordam parceria Brasil-Índia e reivindicam assento permanente no Conselho de Segurança da ONU durante encontro em Brasília.

    Na terça-feira, 8 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em uma visita de Estado que ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília. A chegada de Modi à capital federal foi significativa, pois representou a estreita relação entre dois países que, juntos, somam uma população de 1,4 bilhão de habitantes. O primeiro-ministro indiano estava na cidade após sua participação na cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro.

    Durante o encontro, Lula enfatizou a necessidade de um maior protagonismo do Brasil e da Índia nas decisões globais, reiterando o pedido para que ambos os países se tornem membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Em uma declaração contundente, Lula destacou que a ONU não pode continuar a ser vista como uma instituição fraca e sem importância. “Nós reivindicamos o direito de participar no Conselho de Segurança. É inaceitável que os membros permanentes, que deveriam garantir a paz, sejam muitas vezes os que fomentam conflitos”, afirmou.

    Modi, por sua vez, elogiou a parceria entre as duas nações, descrevendo-a como um pilar de estabilidade em um mundo repleto de incertezas. Ele salientou que as disputas internacionais devem ser resolvidas por meio do diálogo e da democracia, afirmando que as visões dos dois países são unidas no combate ao terrorismo, com uma abordagem de “tolerância zero”.

    Outro ponto abordado por Lula foi a expansão do comércio bilateral, evidenciando a necessidade de aprimorar o Acordo Mercosul-Índia. Atualmente, apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia estão cobertas por esse acordo, o que representa uma oportunidade inexplorada de crescimento. Em 2024, o comércio entre os dois países alcançou a marca de US$ 12 bilhões, com Lula apontando setores como turismo, negócios e intercâmbio cultural como áreas promissoras para aprofundar as relações.

    Modi compartilhou uma meta ambiciosa de aumentar o fluxo comercial entre as duas nações para US$ 20 bilhões nos próximos cinco anos, enfatizando o comprometimento mútuo com a expansão dos laços comerciais.

    Os líderes assinaram acordos estratégicos em diversas áreas, incluindo um pacto para combater o terrorismo e o crime organizado, um memorando na área de energia renovável e outro focado em soluções digitais. Na pauta ambiental, Lula destacou a cooperação no enfrentamento das mudanças climáticas, apresentando um compromisso conjunto para a COP 30, na qual Brasil e Índia almejam ser líderes na transição energética.

    Por fim, Lula criticou a postura do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação ao Brics, afirmando que o Brasil não aceita quaisquer tentativas de pressão sobre as relações comerciais com os países do bloco. “Não concordamos com insinuações de tarifas ou penalizações pela nossa aliança. O mundo deve respeitar nossas escolhas e colaborações”, concluiu. Este encontro não apenas fortalece os vínculos entre Brasil e Índia, mas também sinaliza um novo caminho para a governança global, com ênfase em diálogo e cooperação mútua.

  • ECONOMIA – Fórum Brasil-Índia discute parcerias comerciais e identifica 385 oportunidades de produtos em evento paralelo à cúpula do Brics no Rio de Janeiro.

    No dia 7 de agosto, o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro foi palco do Fórum Econômico Brasil-Índia, um evento que visou fortalecer as relações comerciais entre os dois países. Este encontro reuniu empresários, diplomatas e representantes do governo em um momento estrategicamente relevante, coincidente com a Reunião de Cúpula do Brics e a visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

    Embora fosse esperada a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua participação foi cancelada devido a compromissos em Brasília, onde ele se reunirá com Modi no dia seguinte. A agenda do fórum traçou um cenário promissor, identificando 385 oportunidades para produtos brasileiros em setores variados, como combustíveis minerais, máquinas e equipamentos de transporte, artigos manufaturados, produtos químicos e óleos animais e vegetais.

    O evento foi promovido por diversas instituições, incluindo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), além de parcerias com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e câmaras de comércio de ambos os países. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou que a relação entre Brasil e Índia é baseada na amizade e na ausência de conflitos, citando um potencial de crescimento do comércio bilateral, que atualmente gira em torno de R$ 12 bilhões.

    Ricardo Alban, presidente da CNI, enfatizou a complementaridade das economias dos dois países, mencionando a colaboração no setor de biocombustíveis e sua importância para o fornecimento de combustível sustentável de aviação. Durante o evento, foi anunciado o lançamento do Conselho Empresarial Brasil-Índia, com o objetivo de fomentar diálogos e propostas que melhorem o ambiente de negócios.

    Márcio Elias Rosa, do MDIC, apontou a necessidade de um modelo de desenvolvimento que priorize sustentabilidade e inclusão social. Ele indicou que ambos os países podem se beneficiar mutuamente através de segmentos como equipamentos, fertilizantes e economia digital.

    Laudemar Aguiar, do Ministério das Relações Exteriores, frisou a importância de construir uma agenda bilateral forte que reflita o papel político de Brasil e Índia no cenário global e o compromisso com o multilateralismo. A Índia se posiciona como a quinta maior economia mundial, mas atualmente é apenas o 13º destino das exportações brasileiras. Entre os principais produtos transacionados estão açúcar e compostos farmacêuticos.

    As relações comerciais entre os dois países apresentam um grande potencial inexplorado e iniciativas como o fórum são essenciais para se alcançar uma maior integração e desenvolvimento econômico mútuo.

  • INTERNACIONAL – Brics Lança Parceria para Eliminar Doenças Relacionadas à Pobreza e Promover Saúde Equitativa para Países em Desenvolvimento

    Na última segunda-feira, 7 de outubro, os países do Brics formalizaram o lançamento da Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs). Esta iniciativa ambiciona reforçar a cooperação entre as nações participantes, mobilizar recursos e avançar em esforços conjuntos para erradicar doenças que afetam desproporcionalmente as populações em situação de vulnerabilidade, frequentemente exacerbadas pela pobreza e desigualdade social.

    A proposta é que os membros do Brics colaborem na eliminação de doenças que, por não afetarem com frequência os países desenvolvidos, acabam relegadas a um segundo plano em termos de financiamento para pesquisa e tratamento. As DSDs a serem abordadas incluem, entre outras, a tuberculose, hanseníase, malária e dengue, dependendo das especificidades de cada nação envolvida. Atualmente, fazem parte da parceria os tradicionais membros do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, além de países parceiros como Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Malásia, Bolívia e Cuba.

    A iniciativa, fruto de discussões realizadas nas reuniões que antecederam a recente Cúpula de Líderes do grupo, também foi incorporada à Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula. O tema saúde foi uma das oito prioridades definidas pela presidência brasileira do Brics, inspirando-se no Programa Brasil Saudável, que visa combater problemas sociais e ambientais que influenciam a saúde das populações vulneráveis.

    Os países do Brics estão determinados a fomentar a pesquisa e desenvolvimento de novas estratégias para saúde, incluindo vacinas e métodos de diagnóstico e tratamento. Além disso, buscam atrair investimentos internacionais e fortalecer esforços diplomáticos para inserir a erradicação das DSDs no cerne das agendas globais de saúde, promovendo assim a priorização dessa questão em fóruns multilaterais.

    O documento oficializou que os países utilizarão tecnologias inovadoras, como inteligência artificial, para potencializar o combate às doenças e estabelece cinco objetivos principais, alinhados às diretrizes da Organização Mundial da Saúde. O foco inclui o fortalecimento dos sistemas de saúde, a promoção de ações intersetoriais que considerem os determinantes sociais da saúde, e a busca por financiamento sustentável junto a instituições financeiras.

    Os primeiros passos para a efetivação da parceria envolverão seminários técnicos, atividades de capacitação e engajamento com redes de pesquisa e instituições financeiras. A colaboração entre os países do Brics representa um esforço significativo para enfrentar desafios que históricamente foram negligenciados, buscando um futuro mais saudável e equitativo para as populações mais vulneráveis.

  • INTERNACIONAL – Brics Defende Reforma do Conselho de Segurança da ONU e Fortalecimento do Multilateralismo em Reunião no Rio de Janeiro

    Neste domingo (6), a Conferência de Líderes do Brics, realizada no Rio de Janeiro, deu à luz uma declaração significativa, que reflete o interesse conjunto do Brasil, Índia e nações africanas em serem reconhecidos como membros permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Este ponto, uma das principais áreas de tensão entre os países do bloco, foi crucial para a elaboração do documento final.

    A declaração destaca, primeiramente, a legitimidade das aspirações africanas, mencionando a importância do Consenso de Ezulwini e da Declaração de Sirte. Esta última, fruto da criação da União Africana em 1999, e o Consenso, elaborado em 2005, postulam a necessidade de dois assentos permanentes com poder de veto para a África, além de cinco assentos não permanentes, que seriam escolhidos pela própria União Africana.

    Além disso, o texto reafirma o apoio da China e da Rússia às ambições do Brasil e da Índia em influenciar mais ativamente as decisões da ONU, especialmente no que diz respeito ao Conselho de Segurança. Em um contexto mais amplo, a declaração pede por um Conselho mais democrático e representativo, ressaltando que ele deve atender aos desafios globais atuais e apoiar as necessidades dos países em desenvolvimento.

    No que diz respeito ao fortalecimento do multilateralismo, a reunião também enfatizou a necessidade de reformas nas instituições de Bretton Woods, que incluem o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Segundo os líderes do Brics, a voz das economias em desenvolvimento deve ser suficientemente ouvida no cenário econômico global. O documento aponta que o FMI deve prestar especial atenção aos países mais frágeis e aumentar as cotas na 16ª Revisão Geral de Cotas.

    A declaração ainda expressa apoio à revisão de participações acionárias do Banco Mundial, prevista para 2025, com o Brasil à frente deste processo. Essa revisão visa fortalecer a legitimidade do Banco Mundial e, consequentemente, do multilateralismo.

    Os líderes do Brics também destacaram uma crescente preocupação com o sistema multilateral de comércio, alertando para os riscos impostos por tarifas unilaterais, em um claro alusão ao protecionismo. O documento denota a necessidade de um comércio global mais livre e justo, frisando a importância da Organização Mundial do Comércio (OMC) como a entidade com condições de liderar discussões sobre as regras do comércio internacional.

    Finalmente, a declaração reafirma o compromisso com a saúde global, pedindo maior investimento na Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfrentar futuros desafios sanitários, garantindo acesso equitativo a serviços de saúde e vacinas, especialmente para os países em desenvolvimento. Os líderes enfatizam a importância do Acordo sobre Pandemias da OMS para a construção de um futuro mais seguro e justo diante de crises de saúde.