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  • DIREITOS HUMANOS –

    Ativista Maha Mamo: O Amor como Pilar da Migração e da Identidade em Tempos de Crise

    Maha Mamo é uma ativista que reinterpreta a conhecida expressão “tempo é dinheiro”. Para ela, o verdadeiro valor do tempo reside nas oportunidades de buscar felicidade e estar ao lado das pessoas que se ama. A crença de que “a vida se move com amor” permeia a história de Maha, marcada por sua migração do Líbano para o Brasil e, mais tarde, para os Estados Unidos, motivada primeiramente pelo amor à família e, depois, à sua esposa.

    Ao conversar sobre sua trajetória, Maha compartilha sua experiência ao migrar mais de uma vez e os aprendizados que acumulou ao longo de seus 37 anos. Ela menciona que, em várias partes do mundo, o ato de migrar é frequentemente mal compreendido. Segundo ela, as pessoas não abandonam seus países de origem por vontade própria, mas pela busca de melhores condições de vida. “É triste perceber que a empatia está se perdendo”, afirma, ressaltando a necessidade urgente de gentileza nas interações humanas.

    Maha e sua irmã, Souad, fizeram história ao se tornarem as primeiras apátridas reconhecidas pelo Brasil. Nascida em Beirute, Maha não pôde ser registrada como libanesa, e a questão se complicou em relação à nacionalidade síria devido ao casamento inter-religioso de seus pais. Durante 30 anos, elas viveram sem nacionalidade, sem acesso a serviços básicos. Foi apenas em 2014, ao migrar para o Brasil em busca de acolhimento, que Mahar obteve seu primeiro documento oficial. Em 2018, ela e sua irmã finalmente conquistaram a nacionalidade brasileira.

    A ativista luta para que outras pessoas não enfrentem a mesma realidade que elas viveram, defendendo a extinção das leis que causam a apatria. Atualmente, de acordo com dados da ONU, cerca de 4,4 milhões de pessoas ainda se encontram nessa situação.

    A jornada de Maha a levou a questionar a natureza do amor, que ela entende como um motor vital da vida. Sua vivência de sexualidade, por exemplo, floresceu em um ambiente mais acolhedor, longe das restrições que enfrentou no Líbano. No Brasil, encontrou a liberdade e o pertencimento que buscava, permitindo-se amar abertamente.

    Recentemente casada com sua namorada, Isabela, que a acompanhou para os Estados Unidos, Maha se deparou com novos desafios familiares. Depois de quatro anos de casamento, revelou a sua mãe, uma mulher síria conservadora, que Isabela não era apenas uma amiga. Essa conversa se transformou num momento de aceitação surpreendente e tocante.

    Com o plano de lançar um podcast chamado “Ser in Love”, Maha deseja explorar temas sobre amor e reflexões pessoais. O projeto promete um intercâmbio cultural, pois mesmo que o inglês seja uma das línguas de comunicação, ela considera o português como seu meio de expressão mais autêntico. “Quando você ama um país e sua língua, isso se torna parte de você”, conclui.

  • Sheinbaum critica repressão a migrantes nos EUA e alerta sobre impactos econômicos negativos para o país.

    A presidente do México, Claudia Sheinbaum, manifestou sua forte desaprovação em relação às recentes operações de repressão contra migrantes nos Estados Unidos, considerando tais ações não apenas injustas, mas também prejudiciais à economia americana. Em declarações feitas em um evento, Sheinbaum ressaltou que os migrantes, especialmente os mexicanos e outros latino-americanos, desempenham um papel vital na força de trabalho que sustenta a economia dos EUA.

    Sheinbaum trouxe à tona um evento recente em que o Departamento de Segurança Interna dos EUA conduzira uma operação em plantações na Califórnia, resultando na prisão de aproximadamente 200 migrantes em situação irregular. Durante essa ação, dez crianças que acompanhavam os migrantes foram encontradas, levantando preocupações sobre exploração e tráfico de pessoas. A operação também enfrentou resistência significativa, com relatos de confrontos entre agentes e grupos de até 500 indivíduos, culminando em um episódio em que um migrante disparou contra os agentes.

    A presidente mexicana informou que, naquele mesmo dia, recebendo notícias de detenções, as autoridades mexicanas contabilizaram 25 chamadas de cidadãos relatando prisões na Califórnia. De acordo com Sheinbaum, o governo mexicano está investigando o número exato de seus nacionais detidos, e desde o início dessa campanha, já somam 355 mexicanos que foram presos.

    Desde a posse de Donald Trump, as deportações de mexicanos aumentaram significativamente, com mais de 67 mil repatriações registradas apenas neste período, levando o total geral de deportações a ultrapassar a marca de 73 mil. A presidente enfatizou que essas práticas não apenas ferem os direitos humanos, mas também comprometem a produção agrícola e outros setores da economia americana, destacando que a ausência desse grupo trabalhista poderia resultar em catástrofes na colheita.

    Com isso, Sheinbaum levantou um questionamento importante sobre a política migratória dos Estados Unidos e suas consequências amplas, não apenas para os migrantes, mas também para a economia do país. A dinâmica entre as nações, especialmente em temas tão sensíveis como a migração, continua a gerar debates acalorados e desdobramentos complexos.

  • DIREITOS HUMANOS –

    Integração da População Venezuelana no Brasil Precisa Urgentemente de Políticas Públicas Abrangentes e Igualdade de Gênero, Aponta Pesquisa da ONU

    As iniciativas voltadas para o acolhimento e a integração da população venezuelana no Brasil demandam, com urgência, uma articulação mais eficaz entre diversas políticas públicas. Setores como saúde, habitação, educação e emprego precisam dialogar em níveis nacional e local, com uma ênfase especial na promoção da igualdade de gênero. Esse é um dos resultados destacados em um recente estudo elaborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a ONU Mulheres.

    Desde abril de 2018, mais de 150 mil venezuelanos se interiorizaram voluntariamente de Boa Vista para mais de mil cidades brasileiras. Embora o relatório aponte avanços, como um aumento de 12% na renda média mensal individual e de 8% na renda domiciliar per capita, ainda há desafios a serem enfrentados. Entre os principais problemas estão as desigualdades persistentes entre homens e mulheres, especialmente na inserção no mercado de trabalho e no acesso a serviços essenciais. O estudo revela que homens venezuelanos, particularmente os sem filhos e com níveis educacionais mais altos, têm melhores chances de conseguir oportunidades quando se deslocam de Roraima para outros estados. Em contraste, as mulheres enfrentam vulnerabilidades significativas, liderando muitas vezes famílias monoparentais e apresentando índices de desemprego e informalidade mais elevados.

    No que diz respeito ao mercado de trabalho, houve uma redução no tempo médio de desemprego de 6,7 meses para 4,7 meses, com uma leve melhora na inserção laboral das mulheres, ainda que inferior a dos homens. No entanto, o acesso à educação continua sendo um obstáculo, com crianças e adolescentes abrigados enfrentando dificuldades para ingressar nas escolas. Embora se note uma melhora na compreensão do português, especialmente entre as mulheres, ainda há um longo caminho a percorrer.

    Além disso, questões relacionadas à saúde reprodutiva revelam um aumento no uso de métodos contraceptivos, mas o acesso ao pré-natal e à prevenção do câncer permanece limitado. A pesquisa também ressalta um aumento da insegurança alimentar e da discriminação entre as mulheres venezuelanas.

    Damelis Castillo, uma venezuelana que atua como artista e professora de espanhol, coordena o projeto Guaramo Solidário, que visa apoiar imigrantes venezuelanos. Ela reforça que o Brasil simboliza esperança para muitos que fogem de conflitos na América do Sul e no Caribe. Castillo defende o valor agregado que as mulheres imigrantes trazem ao país e menciona a importância da diversidade para a construção de um futuro melhor.

    Essa pesquisa, iniciada em 2021, coletou dados em três fases e entrevistou venezuelanos interiorizados e residentes em abrigos, sublinhando a relevância da colaboração entre diversas instituições acadêmicas e organizações para melhor compreender a situação dessa população no Brasil.

  • DIREITOS HUMANOS – “Pesquisa Revela Necessidade de Integração Urgente da População Venezuelana no Brasil com Foco em Igualdade de Gênero e Acesso a Serviços Essenciais”

    A integração da população venezuelana no Brasil, coletivamente acolhida desde 2018, revela um cenário que exige atenção e uma abordagem mais articulada entre diferentes políticas públicas. A necessidade de promover o acesso a saúde, educação, moradia e trabalho é premente, especialmente quando se observa as significativas disparidades de gênero que afetam essa comunidade.

    Desde abril de 2018, mais de 150 mil venezuelanos foram interiorizados de forma voluntária, redistribuindo-se em 1.100 cidades brasileiras. Embora tenham sido observados avanços, como um aumento de 12% na renda mensal dos indivíduos e uma melhoria no rendimento domiciliar per capita, as diferenças entre homens e mulheres na inserção no mercado de trabalho e o acesso a serviços essenciais ainda são preocupantes. Enquanto os homens, particularmente aqueles sem filhos e com melhores níveis educacionais, têm mais chances de se beneficiar do programa de interiorização, as mulheres enfrentam um cenário mais desafiador.

    As mulheres venezuelanas, muitas vezes chefes de famílias monoparentais, continuam a se deparar com elevadas taxas de desemprego e informalidade. A pesquisa revela que, embora tenha havido uma redução no tempo médio sem trabalho, ainda há um abismo em comparação ao desempenho masculino, o que requer ações específicas para a promoção da equidade de gênero no ambiente laboral.

    Em termos educacionais, crianças e adolescentes venezuelanos abrigados no Brasil enfrentam dificuldades significativas para acessar o sistema escolar, embora haja uma melhoria na compreensão do português, especialmente entre mulheres. Esta barreira educacional pode afetar a integração das novas gerações ao país.

    No setor de saúde, a situação é crítica, com um aumento no uso de métodos contraceptivos, mas Barreira no acesso aos cuidados pré-natais e na prevenção de doenças, como o câncer, ainda persiste, evidenciando lacunas que necessitam ser urgentemente abordadas.

    Além disso, a pesquisa aponta um crescimento nas questões de insegurança alimentar e discriminação entre essa população. A análise incluiu dados coletados em três fases, de 2021 a 2023, e destacou a importância de uma abordagem integrada e sensível aos problemas multifacetados enfrentados pelos imigrantes venezuelanos no Brasil. A promoção de políticas que considerem as peculiaridades de gênero e as circunstâncias específicas de cada população é fundamental para garantir uma integração mais efetiva e sustentável.

  • CAMARA DOS DEPUTADOS – Câmara aprova política de atendimento a brasileiras emigrantes contra violência e discriminação em repartições consulares, visando prestar apoio e capacitação.

    No dia 3 de julho de 2025, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados deu um passo significativo ao aprovar um projeto de lei que estabelece uma política voltada para atender as brasileiras que vivem no exterior. O projeto intitulado “Espaço da Mulher Brasileira” visa criar um ambiente de suporte nas repartições consulares e nas missões diplomáticas do Brasil.

    Com uma série de objetivos bem definidos, a nova política se propõe a enfrentar a violência doméstica, promover a defesa dos direitos humanos das emigrantes e garantir que tenham acesso à orientação necessária para sua proteção. Além disso, destacam-se iniciativas para fomentar a capacitação e a autonomia feminina, apoiar o empreendedorismo e proporcionar aprimoramento educacional e profissional para essas mulheres.

    A deputada Maria Arraes, relatora da proposta, advogou por um substitutivo que foi inicialmente adotado pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, em substituição ao Projeto de Lei 1607/24, da deputada Laura Carneiro. O texto aprovado também abrange a assistência a emigrantes em situação de vulnerabilidade e risco social, com a implementação da política sendo gradual e sujeita à avaliação de recursos disponíveis a partir do Ministério das Relações Exteriores.

    Maria Arraes chamou a atenção para dados alarmantes provenientes do Ministério das Relações Exteriores, que indicam que mais de 2,5 milhões de brasileiras residem fora do país. O afastamento de familiares e a falta de redes de apoio, somados ao receio em buscar assistência consular, as coloca em situações de risco. No ano de 2023, pelo menos 1.556 brasileiras se tornaram vítimas de violência doméstica ou de gênero no exterior e solicitaram ajuda.

    Visando oferecer apoio jurídico, psicológico e social, já foram criados “Espaços da Mulher Brasileira” em diversos países, como Estados Unidos, Portugal, Bélgica, Argentina, Reino Unido, Espanha e Itália, que buscam atender essas mulheres vulneráveis.

    Ademais, a proposta ainda precisará ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em um rito que pode ser considerado “conclusivo”. Caso aprovada, a iniciativa segue para votação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal para se tornar lei. A criação dessa política representa um avanço significativo na proteção e no apoio às brasileiras que enfrentam adversidades fora do Brasil.

  • Trump Inaugura ‘Alcatraz de Jacarés’ na Flórida: Novo Centro de Detenção de Imigrantes Provoca Protestos e Polêmica Ambiental

    Na última terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inaugurou um polêmico centro de detenção de imigrantes na Flórida, que já foi apelidado de “Alcatraz de Jacarés”, devido à presença de jacarés na região pantanosa onde está localizado. Durante a cerimônia, Trump destacou que esse centro poderá servir como um modelo para futuras instalações penitenciárias. A nova prisão foi erguida em uma pista de pouso remota e utiliza tendas e trailers frequentemente empregados em situações de emergência, como após desastres naturais.

    O presidente, com seu estilo característico, tentou descansar a atmosfera pesada do evento, fazendo comentários que, à primeira vista, pareciam jocosos. Ele chegou a mencionar, em tom de brincadeira, que “vamos ensiná-los a fugir de jacarés”, sugerindo que correr em ziguezague poderia aumentar as chances de escapar de um eventual ataque. No entanto, essa afirmação acabou soando irônica, uma vez que especialistas indicam que, em situações de emergência, seguir uma linha reta é a melhor estratégia para evitar jacarés.

    A construção desse centro de detenção, que pretende abrigar entre três mil e cinco mil imigrantes, despertou uma onda de crítica por parte de ativistas que promovem os direitos humanos e que temem pela proteção dos imigrantes e pelas consequências ambientais na região, já que o local está situado em um ecossistema sensível. A liderança indígena local também expressou preocupação, considerando que o território é sagrado.

    Além disso, antes da chegada de Trump, manifestantes se reuniram para protestar contra a instalação, argumentando que os imigrantes não merecem ser encarcerados em condições adversas. As opiniões contrárias à iniciativa são amplamente compartilhadas, com defensores dos direitos humanos destacando a mensagem cruel que a construção do centro transmite.

    O custo elevado dos centros de detenção geridos por empresas privadas motivou o governo a buscar soluções mais econômicas, levando à rápida construção dessa nova instalação, que foi orçada com suporte da Agência Federal de Gestão de Emergências. Essa abordagem causa preocupação entre analistas, que afirmam que a política de imigração do presidente Trump reflete uma tendência cada vez mais dura e questionável.