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  • ECONOMIA – Deputado Arthur Lira Mantém Alíquota de 10% no Imposto de Renda para Rendas Altas e Expande Isenção para Ganhos Menores

    O relator do projeto de reforma do Imposto de Renda (IR), deputado Arthur Lira, do PP de Alagoas, decidiu manter a alíquota máxima de 10% para pessoas com renda superior a R$ 1,2 milhão por ano, desconsiderando as especulações sobre uma possível redução para 8%, que circulavam nas últimas semanas. Na última quinta-feira, Lira apresentou seu parecer para votação na comissão especial, que incluiu modificações significativas em relação ao texto original.

    Uma das principais alterações foi o aumento do limite de renda mensal para isenção parcial do imposto, que subiu de R$ 7 mil para R$ 7.350. Além disso, a proposta agora estende a isenção total do IR para aqueles que recebem até R$ 5 mil mensais, oferecendo uma abordagem mais progressiva em relação à tributação de diferentes faixas de renda. Lira enfatizou a importância da justiça tributária e da neutralidade no sistema, afirmando que o projeto visa fomentar um debate mais amplo sobre a reforma da renda no Brasil.

    Após apresentar o relatório, o relator indicou que o texto passará por um pedido de vista coletiva, com a votação programada para a próxima semana. O intuito é que a proposta seja aprovada no plenário da Câmara dos Deputados em agosto, o que poderá impactar a arrecadação do governo federal.

    Entre outras mudanças, Lira retirou do texto a cláusula que limitava a soma da alíquota efetiva da pessoa física e da pessoa jurídica a um teto de 34%, o que pode resultar em um incremento na arrecadação. Ele também acrescentou um dispositivo que permite à União usar a receita adicional gerada pelo imposto mínimo, aplicável a rendas acima de R$ 600 mil anuais, como compensação para o cálculo da Contribuição de Bens e Serviços (CBS), uma nova tributação que substitui cinco impostos federais a partir de 2027.

    No entanto, algumas decisões geraram controvérsia, como a exclusão dos títulos de investimento, como LCIs e FIIs, da base de cálculo para o imposto mínimo, o que poderá reduzir a arrecadação federal. Apesar de manter a cobrança de 10% sobre dividendos recebidos por acionistas pessoas físicas, o relator anunciou exceções para remessas a governos estrangeiros, fundos soberanos e entidades que gerenciam benefícios previdenciários, reafirmando a complexidade das medidas tributárias em discussão. O cenário continua a se moldar, com a expectativa de que o projeto receba mais ajustes nas próximas etapas legislativas.

  • INTERNACIONAL – Lula anuncia ação na OMC contra tarifas de Trump e promete retaliações se necessário para proteger comércio brasileiro.

    Em uma entrevista concedida à Record TV na última quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o governo brasileiro tomará medidas diplomáticas para contestar as novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações de produtos brasileiros. Essa decisão foi comunicada por Donald Trump e, segundo Lula, o Brasil se mobilizará para formalizar uma reclamação na Organização Mundial do Comércio (OMC) na busca pela reversão dessa imposição. Caso as negociações não sejam frutíferas, o presidente afirmou que o país não hesitará em aplicar retaliações proporcionais, com base na Lei da Reciprocidade.

    Lula enfatizou que a prioridade inicial será a negociação e a articulação com outras nações que também estão sendo afetadas por tarifas norte-americanas. “Dentro da OMC, podemos formar uma coalizão de países afetados pelas taxas. Se os esforços para resolver a situação não derem certo, precisaremos acionar a Lei da Reciprocidade”, disse. Essa lei, que foi sancionada em abril, estabelece diretrizes para responder a medidas comerciais prejudiciais adotadas por outros países ou blocos econômicos.

    Além das ações na OMC, o presidente anunciou a criação de um comitê com a participação de empresários do setor exportador, solene na missão de repensar a estratégia comercial brasileira com os EUA. Ele rejeitou a ideia de constituir um “gabinete de crise”, preferindo adotar uma abordagem mais proativa. Lula reafirmou seu compromisso em apoiar o setor empresarial, buscando redirecionar os produtos que poderiam deixar de ser vendidos nos EUA para novos mercados.

    O presidente também aproveitou a oportunidade para criticar a forma como a comunicação sobre as tarifas ocorreu, chamando de inadequada a divulgação da carta de Trump antes de ser oficialmente recebida pelo governo brasileiro. Lula ressaltou a importância do respeito nas relações diplomáticas, sublinhando a longa história entre Brasil e Estados Unidos, marcada por um diálogo respeitoso e cooperativo.

    Em relação ao superávit comercial dos EUA com o Brasil, Lula contestou os argumentos de Trump, afirmando que os Estados Unidos têm se beneficiado economicamente da relação bilateral ao longo dos anos. Ele ainda mencionou a independência do Judiciário brasileiro ao responder a uma exigência de Trump, ressaltando que as decisões judiciais no Brasil são autônomas e não devem ser influenciadas por pressões externas.

    Por fim, Lula responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela atual situação comercial, argumentando que ele, juntamente com seu filho, influenciou de forma negativa as relações com os Estados Unidos, contribuindo assim para a atual penalização do comércio brasileiro.

  • Especialistas Debatem Prioridades no Orçamento de Defesa do Brasil: O Que Importa é Como Investir, Não Quanto

    Nos últimos tempos, a discussão sobre os gastos com defesa no Brasil tem ganhado destaque, especialmente após o anúncio da OTAN sobre a meta de 5% do PIB a ser destinada anualmente a investimentos militares. Enquanto essa diretriz provoca debates entre os países membros da aliança, analistas brasileiros afirmam que o foco do Brasil não deve ser apenas o quanto gastar, mas como esse dinheiro será empregado de forma eficaz e estratégica.

    O pesquisador Jorge Oliveira Rodrigues, ligado ao Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, argumenta que a alocação de recursos para defesa deve ser feita dentro de um contexto mais amplo, alinhado com outras políticas públicas que garantam a segurança e a soberania do país. Ele critica a ideia de vincular gastos em defesa ao PIB, considerando essa abordagem uma “grotesca” concepção do tema. Para Rodrigues, é crucial que o debate sobre o orçamento militar não se restrinja a números, mas sim que dialogue com a realidade brasileira e suas condições específicas.

    De acordo com o doutor Fabricio Ávila, presidente do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia, o Brasil atualmente investe cerca de 1% do PIB em defesa, uma cifra que considera já reduzida ao longo das últimas décadas. Assim, sugerir um aumento para 5% seria desproporcional e não atendeu às reais necessidades de prontidão das Forças Armadas. Para ele, o gasto ideal seria ao menos de US$ 200 por habitante, o que representaria um retorno a níveis atingidos no início dos anos 2000.

    A questão central do debate também aponta para a identificação de possíveis ameaças, questionando quem seria o inimigo do Brasil. Rodrigues ressalta que a compreensão do contexto geopolítico é essencial para orientar as decisões de investimento em infraestrutura e projetos militares, como o KC-390 da Embraer. Ele alerta que a perda de soberania em áreas estratégicas poderia ser um risco significativo.

    Ambos os especialistas concordam que, ao invés de seguir cegamente o modelo da OTAN, seria mais proveitoso para o Brasil buscar parcerias em segurança coletiva com países da América do Sul, promovendo um clima de confiança que evite escaladas de tensão. Além disso, Ávila destaca que, mesmo com a paz histórica na região, existe espaço para um diálogo coletivo sobre o investimento militar adequado, sem que isso leve a uma corrida armamentista.

    Essas considerações surgem em um momento em que a Câmara dos Deputados está analisando um reajuste salarial significativo para os militares, o que torna ainda mais pertinente a discussão sobre a eficiência e a necessidade dos gastos em defesa no Brasil. O tema é complexo e demanda uma análise cuidadosa, levando em conta não apenas a cifra do orçamento, mas a preparação e a eficácia das Forças Armadas diante de suas reais atribuições e desafios.

  • ECONOMIA – Centrais Sindicais Reagem ao Tarifaço dos EUA e Defendem Soberania Nacional em Manifesto Conjunto Contra Medida de 50% sobre Exportações Brasileiras.

    As centrais sindicais do Brasil expressaram vehemente oposição, nesta quinta-feira, a uma drástica tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, recentemente anunciada pelo governo dos Estados Unidos. Essa medida, segundo os representantes sindicais, não apenas representa um ataque à soberania nacional, mas também evoca memórias dolorosas da participação dos EUA no golpe militar de 1964.

    O presidente dos EUA, Donald Trump, notificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de uma carta, sobre a imposição dessa nova tarifa, que entrará em vigor a partir do dia 1º de agosto. Trump ressalta, em seu comunicado, que a decisão está relacionada a questões envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe. As centrais sindicais interpretam essa ação como uma reação hostil às resoluções da Justiça brasileira, e veem na medida um conluio com setores bolsonaristas que buscam polarizar ainda mais a política nacional.

    De acordo com as centrais, a iniciativa ameaça diretamente setores cruciais da economia, como a indústria e o agronegócio, colocando em risco milhares de empregos e fomentando um cenário propenso à recessão. Com o aumento das tarifas, os custos de produção devem subir, o que pode resultar em uma inflação descontrolada e no encarecimento da vida dos cidadãos. Além disso, o aumento da tarifa pode gerar instabilidade no mercado cambial, complicando ainda mais a situação econômica do país.

    Em resposta ao que consideram um ataque à soberania brasileira, as centrais sindicais pedem ao governo que adote uma postura firme. Elas apoiam a aprovação da Lei da Reciprocidade Econômica e sugerem que o governo utilize todos os recursos legais disponíveis para proteger a economia e os interesses da população. O manifesto também demanda a cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro, que, mesmo vivendo no exterior, estaria incentivando sanções contra o Brasil, o que as centrais interpretam como um crime contra a pátria.

    As centrais enfatizam a importância de preservar relações internacionais saudáveis, clamando por soluções pacíficas e multilaterais que respeitem os direitos da classe trabalhadora e a dignidade nacional. Reafirmando o seu compromisso com a soberania, as entidades sindicais esperam que o governo equilibre firmeza e diplomacia para evitar uma escalada de tensões, ratificando seu apoio incondicional às instituições democráticas e aos direitos dos trabalhadores. As centrais que assinam o manifesto incluem a CUT, a Força Sindical, a UGT, entre outras.

  • ECONOMIA – EUA Anunciam Tarifas de 50% para Produtos Brasileiros, Entidades Empresariais Pedem Diálogo e Diplomacia Ante Retaliações Comerciais.

    Na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, uma decisão que provocou reações imediatas por parte das entidades empresariais no Brasil. Em uma análise abrangente, as associações representativas do setor produtivo pedem uma abordagem diplomática em vez de uma guerra comercial ideológica.

    O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) afirmou que essa decisão reflete um “embate” entre os presidentes da duas nações, destacando a falta de justificativas concretas para a medida. O Ciesp ressaltou que a narrativa de Trump sobre um superávit negativo nas trocas comerciais com o Brasil não se sustenta, já que, nos últimos dez anos, os EUA registraram um superávit significativo ao negociar bens com o Brasil, totalizando mais de US$ 91 bilhões.

    A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também condenou a decisão, enfatizando que razões não econômicas estão por trás da quebra das normas comerciais e internacionais. Para a Fiesp, é crucial priorizar um processo de negociação que respeite a soberania nacional e promova soluções pacíficas e baseadas em dados. O entendimento é de que a volta ao diálogo é imprescindível, especialmente considerando que as relações entre Brasil e Estados Unidos historicamente possibilitaram benefícios mútuos nas áreas econômica e industrial.

    Em apoio a essa visão, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) frisou a importância da diplomacia para resolver conflitos. O histórico de parcerias entre os dois países deve ser preservado, segundo a Firjan, que também destacou a relevância dos investimentos norte-americanos no estado fluminense.

    Por sua vez, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) pediu uma abordagem responsável e tranquila nas relações comerciais, alertando que medidas de retaliação podem ter consequências prejudiciais para a sociedade e a economia brasileira. A necessidade de diálogo e a busca por soluções negociadas foram enfatizadas.

    Além disso, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) reforçou a urgência de canais diplomáticos para restaurar a confiança nas relações bilaterais. A desconfiança criada por medidas unilaterais pode comprometer não apenas as relações comerciais, mas também a cooperação cultural e social entre as nações.

    A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AmCham) alertou que as tarifas poderiam ter um impacto severo na produção e no emprego, clamando por um diálogo construtivo entre os governos. Esse apelo é ecoado por diversas outras entidades do setor produtivo, como a FecomércioSP, que caracterizou a decisão como inadmissível e prejudicial ao comércio internacional. A FecomércioSP enfatizou a importância de construir consensos e manter pontes comerciais para promover um ambiente propício à prosperidade mútua.

    Finalmente, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) levantou preocupações sobre a falta de iniciativa da diplomacia brasileira em antecipar negociações. Acreditando que um confronto não é a solução, a Faesp pediu uma repercussão positiva das articulações entre os governos e setores produtivos para evitar consequências negativas para a economia nacional.

  • Câmara de Maceió aprova empréstimos de até R$ 1,2 bilhão em sessão extraordinária antes do recesso parlamentar, gerando debates acalorados entre vereadores.

    Em uma sessão extraordinária realizada na última quinta-feira, 10 de agosto, a Câmara Municipal de Maceió aprovou, em dois turnos, dois projetos de lei que autorizam a Prefeitura a contrair empréstimos de até R$ 1,2 bilhão. A votação, que antecede o recesso parlamentar, contou com 23 votos favoráveis, enquanto três vereadores se opuseram: Rui Palmeira (PSD), Teca Nelma (PT) e Silvio Camelo Filho (PV).

    Na mesma ocasião, os parlamentares aprovaram por unanimidade a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício de 2026. A convocação da sessão ocorreu por meio de uma edição suplementar do Diário Oficial, publicada na véspera. Esta decisão se seguiu ao adiamento da análise dos projetos na terça-feira, 9, quando o plenário estava esvaziado. As lideranças da oposição alegaram que precisavam de mais tempo para examinar as propostas e criticar a falta de informações detalhadas do Executivo sobre os empréstimos.

    Durante os debates, o vereador Rui Palmeira levantou preocupações sobre a coerência entre as promessas da gestão e suas ações. Ele destacou a advertência da Secretaria da Fazenda sobre riscos fiscais, mesmo em um momento em que a administração municipal estava criando mais de 1.300 cargos comissionados e novas secretarias, o que geraria um custo adicional de aproximadamente R$ 60 milhões por ano.

    Por outro lado, Luciano Marinho (PL), o vereador mais votado da capital, defendeu a necessidade dos empréstimos, enfatizando que eles são fundamentais para a realização de obras estruturais essenciais. Ele elogiou a determinação do prefeito em buscar investimentos e ressaltou que, como em gestões anteriores, é necessário recorrer a recursos externos para projetos de relevância, como a requalificação do mercado público e a habitação popular.

    A vereadora Teca Nelma não se contentou com a justificativa da gestão e expressou preocupações sobre a transparência operacional. Ela questionou o montante das dívidas acumuladas ao longo dos últimos quatro anos, que superava R$ 2 bilhões, e mencionou a ausência de audiências públicas para discutir a destinação de recursos, como os R$ 1,7 bilhão oriundos da Braskem.

    Apesar das críticas, a presidente da Comissão de Justiça, Olívia Tenório (PP), votou a favor da autorização com base em pareceres técnicos que garantem a capacidade de endividamento da Prefeitura. Ela argumentou que a taxa de endividamento atual está em 18,56%, bem abaixo do limite legal estabelecido de 120%, o que permitiria novos financiamentos sem comprometer a saúde fiscal do município.

    Os projetos aprovados foram apresentados pelo prefeito João Henrique Caldas (JHC) com caráter de urgência. O pacote de empréstimos inclui uma operação de crédito de até US$ 150 milhões (cerca de R$ 800 milhões) com o New Development Bank (NDB) e outra de até R$ 400 milhões com instituições financeiras nacionais, ambas direcionadas a programas fundamentais para a infraestrutura e mobilidade urbana de Maceió. Os recursos destinados a essas iniciativas visam a implementação do sistema BRT, melhorias em drenagem e infraestrutura, além de ações sociais previamente estabelecidas no Plano Plurianual (PPA), na LDO e na Lei Orçamentária Anual (LOA).

  • INTERNACIONAL –

    Trump Impõe Tarifa de 50% a Produtos Brasileiros, Lula Responde com Lei de Reciprocidade Econômica

    A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o país está causando alvoroço na mídia internacional. O anúncio foi feito em uma carta divulgada nas redes sociais, endereçada ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, e a tarifa entrará em vigor a partir de 1º de agosto.

    No documento, Trump justifica sua medida citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente enfrenta acusações no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. O próprio Trump menciona também ações judiciais contra apoiadores de Bolsonaro que residem em solo americano, como parte de uma narrativa mais ampla que busca justificar a tarifa.

    Em uma resposta firme, Lula utilizou suas plataformas sociais para reforçar que o Brasil reagirá à imposição tarifária de maneira proporcional, invocando a Lei de Reciprocidade Econômica. O presidente brasileiro destacou que a alegação de Trump sobre um suposto déficit na balança comercial entre os dois países é infundada e clamou pela defesa da soberania nacional e dos interesses do povo brasileiro.

    “Qualquer medida que represente uma elevação unilateral de tarifas será considerada sob a égide da legislação brasileira de reciprocidade econômica. A soberania e o respeito aos interesses do nosso povo são fundamentais na nossa interação global”, afirmou Lula.

    A repercussão do caso foi rápida e abrangente nos principais jornais do mundo. O The New York Times descreveu o episódio como uma “guerra comercial repentina”, enquanto o The Washington Post caracterizou a ação como uma “escalada forte” na disputa diplomática entre as duas nações. Já o britânico The Guardian expressou preocupações sobre como essas táticas comerciais erráticas poderiam impactar a inflação nos Estados Unidos.

    Na América Latina, o argentino Clarín ressaltou o “aumento drástico” das tarifas e as crescentes tensões, ligando-as ao apoio da Casa Branca a Bolsonaro. O alemão Deutsche Welle também refletiu sobre a retaliação brasileira e a desmentida de Lula em relação aos motivos apresentados por Trump. O francês Le Monde destacou o uso dessas tarifas por Trump como uma tentativa de sustentar Bolsonaro em meio a suas dificuldades legais.

    Por fim, o espanhol El País indicou que Trump superou limites em suas ameaças comerciais, não apenas ao Brasil, mas a outros países, com a intenção de forçar negociações até a data limite definida. Com a situação ainda em evolução, o cenário entre Brasil e Estados Unidos continua tenso e cheio de incertezas.

  • ECONOMIA – Desigualdades fiscais custam ao governo brasileiro mais de R$ 200 bilhões anuais, revela estudo do Ipea sobre justiça tributária e reformas necessárias.

    Em um cenário marcado por intensos debates no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a reforma tributária e a arrecadação de impostos, um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) expõe a gravidade de ineficiências no sistema atual. O relatório revela que o Estado brasileiro deixa de arrecadar anualmente cerca de R$ 200 bilhões devido a discrepâncias nas regras de cobrança de impostos.

    O documento, escrito por Sérgio Wulff Gobetti, pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, alega que as “iniquidades perpetuadas” nas regras de cobrança geram não apenas ineficiência econômica, mas também comprometem a justiça tributária. O princípio da progressividade, que deveria fazer com que os mais ricos contribuíssem proporcionalmente mais em impostos do que os mais pobres, é enfraquecido por essas distorções.

    O estudo emerge em um momento crítico, quando tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que isenta do Imposto de Renda pessoas que ganham até R$ 5 mil, além de prever uma tributação mínima para rendimentos superiores a R$ 600 anuais. Esse contexto destaca a urgência de discutir justiça tributária, um tema que se tornou central nas pautas do governo.

    Entre as principais críticas do estudo à legislação vigente, está a diferenciação entre regimes de tributação do lucro empresarial, como o Simples Nacional e o lucro presumido. Embora essa segmentação tenha o intuito de incentivar as micro e pequenas empresas, Gobetti argumenta que ela frequentemente resulta em injustiças tributárias, beneficiando mais os empresários que menos investem e lucram.

    Além disso, o estudo aponta que as divergências no tratamento tributário facilitam práticas que reduzem artificialmente a base de cálculo dos impostos, permitindo que grandes conglomerados operem com estratégias que minimizam sua contribuição tributária. Com isso, a pesquisa levanta questões sobre a equidade do sistema atual e a necessidade de ajustes.

    Gobetti sugere que a tributação de dividendos, atualmente isentos de Imposto de Renda no Brasil, poderia ser uma solução para tornar o sistema mais progressivo. Ele ressalta que, ao contrário do Brasil, a maioria dos países desenvolvidos já tributa essa forma de renda, o que poderia ajudar a equilibrar a carga tributária.

    A análise também foca no setor petrolífero, sugerindo a criação de uma taxa adicional para lucros extraordinários quando os preços do barril de petróleo superarem a média histórica de US$ 70. Esse mecanismo poderia aumentar significativamente a arrecadação e capturar parte dos ganhos extraordinários do setor sem comprometer os incentivos a investimentos.

    Nesse contexto de reformas e discussões, o estudo do Ipea não apenas revela as falhas do sistema tributário brasileiro, mas também apresenta propostas que, se implementadas, poderiam contribuir para uma maior justiça fiscal e uma arrecadação mais eficiente. O aprimoramento do sistema tributário é uma questão urgente, e as decisões tomadas neste momento terão um impacto significativo na economia e na igualdade social nos próximos anos.

  • INTERNACIONAL – Tarifas de 50% de Trump sobre produtos brasileiros geram críticas de economistas e levantam questões sobre a democracia nos EUA e no Brasil.

    Na última quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um anúncio que causou burburinho tanto em solo americano quanto no Brasil: a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Essa decisão, amplamente criticada, encontra eco entre analistas e economistas, como o renomado Paul Krugman, colunista do The New York Times e vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2008.

    Krugman lançou mão de termos contundentes ao descrever o comportamento de Trump, referindo-se a ele como “mau e megalomaníaco”. Em uma de suas postagens, o economista argumentou que a medida não apresenta justificativas econômicas válidas, mas sim uma tentativa de proteger Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, das consequências legais enfrentadas. Segundo Krugman, a estratégia de Trump parece ser menos uma questão comercial e mais uma manobra política para apoiar um aliado em apuros.

    Ele ressalta que a decisão é um ato punitivo, comentando que “Trump mal finge que há uma justificativa econômica para sua ação”, insinuando que o verdadeiro propósito é retaliar o Brasil pelo modo como está lidando com os erros políticos de Bolsonaro. Para Krugman, essa postura revela um problema mais profundo nas relações internacional e a fragilidade da democracia, especialmente quando líderes democráticos são ameaçados por ações de governos autoritários.

    Além de criticar a medida tarifária, o economista fez uma analogia direta com eventos da política americana, citando a invasão do Capitólio em 2021 por apoiadores de Trump e os esforços do ex-presidente para perturbar a democracia. Ele sugere que Trump, ao usar tarifas como ferramenta de pressão, está legitimizando ações de líderes que operam fora da esfera democrática.

    Na esfera do comércio internacional, Krugman apresentou dados da Organização Mundial do Comércio, destacando que a China é o principal parceiro comercial do Brasil, seguido pelos EUA, que ocupam uma posição bem menos significativa. Essa informação levanta a pergunta: será que Trump acredita realmente que pode intimidar uma nação tão grande e com interesses comerciais diversos?

    Concluindo seu raciocínio, o economista sugere que as medidas de Trump, além de imprudentes, poderiam fundamentar um processo de impeachment contra ele, classificando-as como “diabólicas e megalomaníacas”. A forma como a democracia americana está projetada atualmente pode muito bem ser desafiada por tais ações, criando um panorama de incertezas no cenário político e econômico global. A posição dos Estados Unidos, outrora vista como defensora da democracia, parece estar em uma encruzilhada, gerando inquietação entre seus cidadãos e aliados ao redor do mundo.

  • ECONOMIA – Inflação desacelera com queda nos alimentos, mas aumento da energia elétrica pressiona IPCA, que permanece acima da meta do governo por sexto mês consecutivo.

    O mês de junho de 2023 trouxe uma mudança significativa no cenário econômico brasileiro, ao registrar a primeira queda nos preços dos alimentos em um período de nove meses. Essa redução foi um fator crucial para a desaceleração da inflação oficial, que fechou em 0,24%, marcando o quarto mês consecutivo de tendência de baixa. Esse desempenho alivia a pressão sobre os consumidores que, ao longo do último ano, enfrentaram aumentos consideráveis nos preços.

    Entretanto, nem todos os indicadores foram positivos. A tarifa de energia elétrica se destacou como um dos principais responsáveis pelo aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O subitem energia elétrica teve um aumento de 2,96%, impactando o índice em 0,12 pontos percentuais. A fase de bandeira vermelha tarifária, que acrescenta uma cobrança extra a cada 100 quilowatts-hora consumidos, contribuiu significativamente para esse encarecimento. Este cenário acontece em um contexto de estiagem, que limita a geração hidrelétrica, forçando o acionamento de usinas térmicas que apresentam custos mais elevados.

    Embora a inflação tenha registrado um alívio em junho, o acumulado dos últimos 12 meses ainda alcançou 5,35%, permanecendo acima do teto da meta do governo, fixada em 4,5%. Esse desvio da meta é alarmante, pois se estende por seis meses consecutivos. Em abril, essa taxa atingiu o seu ponto mais alto no ano, com 5,53%.

    Entre os grupos de preços analisados pelo IBGE, apenas alimentos e bebidas apresentaram deflação, com uma queda de 0,18%. A diminuição nos preços do arroz, ovos e frutas foram os principais responsáveis por essa queda. O excelente desempenho da safra atual, segundo especialistas, impulsionou o aumento da oferta desses produtos.

    Além disso, o índice de difusão, que mede a proporção de itens com aumento de preços, foi de 54%, o menor desde julho de 2024. Em contrapartida, o grupo de transportes também contribuiu para o IPCA, com um aumento de 0,27%, mesmo com variações no preço dos combustíveis.

    Por fim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também foi divulgado, registrando uma inflação de 0,23% em junho e um acumulado de 5,18% nos últimos 12 meses. O INPC, que considera famílias de até cinco salários mínimos, é crucial para muitos brasileiros, pois influencia os reajustes salariais de diversas categorias ao longo do ano, refletindo diretamente nas finanças do poder aquisitivo da população. A disparidade nos pesos dos grupos de preços entre os dois índices revela como as famílias de diferentes faixas de renda são afetadas de maneiras distintas pelo aumento dos preços.