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  • INTERNACIONAL –

    Cúpula do Brics no Rio Enfrenta Desafios Geopolíticos em Meio à Tensão Global e Expansão do Bloco

    A relação entre Israel e Estados Unidos (EUA) e a tensão com o Irã, um dos novos membros permanentes do Brics, representa um desafio significativo para o bloco que busca se fortalecer institucionalmente na Cúpula do Rio de Janeiro, marcada para os dias 6 e 7 de outubro. Nos últimos dois anos, o Brics cresceu de cinco para 11 integrantes permanentes e agora conta com dez novos membros parceiros. A presidência do Brasil enfrenta a difícil tarefa de gerenciar essa expansão, com o objetivo de transformar o mecanismo de cooperação multilateral e modificar a atual configuração do poder global.

    O clima de incerteza já era presente antes do conflito com o Irã, exacerbado pela guerra comercial iniciada pelo ex-presidente Donald Trump e as medidas contra países que tentam substituir o dólar em transações comerciais. Essa discussão já estava em pauta na Cúpula de Kazan, na Rússia, em 2024, à medida que as nações buscam alternativas à moeda americana, especialmente em um cenário de cerco econômico e financeiro contra a Rússia, engajada na guerra na Ucrânia.

    Dentre os temas em destaque estão Inteligência Artificial, mudanças climáticas, questões relacionadas ao Irã e à Palestina, e debates sobre saúde global e segurança. Especialistas em Brics apontam que a agenda ambiciosa proposta pela Rússia em 2022 foi moderada no Brasil, com o intuito de não provocar ainda mais a principal potência do Ocidente. A professora Ana Garcia, especialista em relações internacionais, observa que essa redução de ambição é uma estratégia para evitar tensões desnecessárias.

    A ideia de criar uma bolsa de grãos para estabilizar os preços internacionais e a ênfase na desdolarização são pautas importantes. Contudo, a cautela é evidente entre os países do Brics, que buscam um equilíbrio em um cenário global tenso. Na prática, eles evitam uma postura que possa antagonizar os EUA diretamente.

    A criação de um sistema de pagamento utilizando moedas locais, que poderia reduzir a dependência do dólar, é um dos pontos mais controversos da agenda do Brics. Essa proposta enfrenta resistência, especialmente dos EUA, que veem a perda do poder do dólar como uma ameaça. Contudo, para muitos dos países membros, essa transição gradual é necessária, mesmo que repleta de desafios.

    Além disso, a Cúpula poderá apresentar avanços em relação à institucionalização do bloco. Há a necessidade urgente de definir regras e procedimentos claros para a tomada de decisões, já que atualmente esse processo é informal e depende de consenso. A formalização deste diálogo entre os membros pode dar ao Brics uma sustentação mais robusta frente a pressões externas.

    A situação geopolítica, marcada por uma crescente polarização, exige que os membros do Brics naveguem com cautela. Enquanto a Rússia e o Irã mantêm uma postura mais assertiva, demais nações como Índia e Brasil procuram evitar proselitismos que poderiam complicar suas relações internacionais. Essa busca por uma agenda neutra, centrada no Sul Global, pode ser o caminho para um futuro mais coeso e harmonioso dentro do bloco.

    O Brics, que agora inclui 11 países – Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia – e uma lista de dez países parceiros, representa uma expressiva fatia da economia global. Com 39% do PIB mundial, 48,5% da população e 23% do comércio internacional, o Brics se posiciona como um ator relevante no cenário econômico e político mundial. Para os próximos anos, a interdependência econômica entre os membros promete crescer, refletindo a importância do agrupamento em um mundo cada vez mais multipolar.

  • NDB: Dilma Rousseff destaca expansão do Banco do BRICS e respeito à soberania dos países na 10ª Reunião Anual, no Rio de Janeiro.

    O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), comumente referenciado como Banco do BRICS, se consolida como uma figura proeminente no cenário financeiro internacional, especialmente entre nações do Sul Global. A instituição, que foi criada por nações em desenvolvimento para servir às suas próprias necessidades, prioriza a igualdade de seus membros e busca promover um ambiente de cooperação financeira. Recentemente, a presidente do NBD, Dilma Rousseff, destacou esses aspectos em uma coletiva de imprensa realizada durante a 10ª Reunião Anual do banco, que teve lugar no Rio de Janeiro.

    Dilma Rousseff enfatizou que o NBD está atualmente focado em duas principais prioridades: a expansão do número de seus membros, incorporando nações estratégicas, e a ampliação dos financiamentos com recursos em moedas locais. Ela anunciou a adesão recente de dois novos países ao banco: Uzbequistão e Colômbia. Rousseff fez questão de ressaltar que a adesão ao banco, assim como a concessão de empréstimos, é feita sem exigências de condicionalidade. Essa abordagem respeitosa à soberania dos países membros é um dos pilares fundamentais da governança do NBD.

    Em suas palavras, Dilma ilustrou a postura do banco, afirmando que não seria correto impor condições sobre investimentos em infraestrutura, como a privatização de empresas estatais, para viabilizar suporte financeiro. Esse compromisso em respeitar as decisões soberanas de cada país membro é fundamental para a credibilidade e sustentação do NBD.

    Outro ponto abordado pela presidente foi a importância do financiamento em moedas locais. Embora Dilma não tenha afirmado categoricamente que um processo de desdolarização esteja em andamento, observou-se que o dólar perdeu parte de sua antiga reputação como um “porto seguro” em tempos de crise. De acordo com Dilma, a dinâmica atual é distinta, já que não houve uma corrida para o dólar em momentos de turbulência econômica, ao contrário do que ocorreu em crises anteriores, como a de 2008.

    Com essas declarações, Dilma Rousseff reafirmou o papel do NBD como uma alternativa viável e respeitosa às práticas tradicionais de instituições financeiras internacionais, colocando as necessidades dos países do Sul Global em primeiro plano.

  • Marinha inicia segurança rigorosa na Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro com ações contra ameaças nucleares e explosivos.

    A Marinha do Brasil deu início, na última quinta-feira (3), a uma vasta operação de segurança para a Cúpula do BRICS, que ocorrerá no Rio de Janeiro até o próximo dia 7 de julho. A ação inclui uma série de medidas estratégicas para garantir a proteção dos líderes e delegações que participam deste importante evento internacional.

    Em uma simulação realizada a bordo do Navio-Patrulha Oceânico (NPaOc) Apa, a Marinha demonstrou a capacidade de neutralização de possíveis invasões. A operação conta com diversas embarcações, incluindo fragatas, lanchas blindadas e viaturas especializadas, que foram posicionadas em pontos estratégicos ao longo da baía de Guanabara, além das orlas dos bairros de Ipanema, Leblon e São Conrado. Essas áreas concentram os principais hotéis que servirão de base para as delegações.

    Os preparativos para o evento não se restringem apenas à proteção física das instalações, mas envolvem também a contenção de ameaças mais sofisticadas. Para isso, foram mobilizados grupos-tarefa preparados para lidar com situações envolvendo agentes nucleares, biológicos, químicos e radiológicos (NBQR). Cães farejadores, treinados para detectar explosivos, e equipes de desativação de artefatos também estão à disposição como parte do plano de segurança.

    Além disso, motociclistas militares das três Forças Armadas foram destacados para realizar a escolta das comitivas. O capitão de mar e guerra Elinton Coutinho, comandante do Grupo-Tarefa Marítimo, destacou a importância das interdições na Marina da Glória e outras áreas críticas, que entrarão em regime de controle rígido durante a cúpula.

    O comandante Leonel, à frente do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, detalhou que cada delegação terá um nível específico de proteção, levando em conta suas particularidades e riscos potenciais. Ele ressaltou que todas as delegações estão sob vigilância especial, garantindo que a segurança não seja minimizada, pois isso também reflete na imagem do Brasil como anfitrião internacional.

    Com essas diretrizes em prática, a Marinha e as demais forças de segurança se preparam para proporcionar um ambiente seguro, visando não apenas a proteção dos dignitários, mas também a tranquilidade da população durante este evento de grande relevância global.

  • Irã Desmente Abandono de Cooperação com AIEA e Critica Alemanha por Apoio a Ataques Nucleares e Conflitos Regionais

    O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, rejeitou categoricamente as alegações do governo alemão de que Teerã teria diminuído sua colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em uma recente publicação em uma rede social, Araghchi desqualificou a declaração do ministério das Relações Exteriores da Alemanha como “fake news”, enfatizando que o Irã permanece firme em seu compromisso com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).

    A controvérsia surgiu após o governo alemão afirmar que a decisão do Irã de restringir sua interação com a AIEA remove qualquer possibilidade de supervisão internacional sobre seu programa nuclear, o que, segundo os alemães, representa um “desdobramento devastador”. Araghchi destacou, contudo, que essa mudança nos canais de cooperação com a AIEA, agora coordenada através do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, é uma reação às agressões sofridas pelo país, especialmente aos supostos ataques de Israel e dos Estados Unidos contra suas instalações nucleares.

    O ministro também criticou abertamente a posição da Alemanha, afirmando que seu apoio a ações israelenses e americanas é, em sua visão, uma tentativa de silenciamento e opressão. “O apoio explícito da Alemanha ao ataque ilegal de Israel a locais nucleares iranianos é uma manobra suja que refleja uma postura ocidental anti-iraniana”, declarou Araghchi.

    Além disso, ele expressou indignação com o que considerou um apoio “em estilo nazista” da Alemanha a ações que, segundo ele, configuram genocídio em Gaza, além de lembrar do histórico de colaboração de Berlim no fornecimento de materiais para armas químicas durante a guerra do Iraque. Para ele, esse apoio contundente aos bombardeios no Irã aniquila qualquer noção de que o governo alemão possua boas intenções em relação ao país persa.

    As declarações de Araghchi reverberam em um contexto de tensões cada vez maiores entre o Irã e o Ocidente, especialmente no que diz respeito ao seu programa nuclear e às sanções que cercam a nação. O embate retórico entre as nações parece estar longe de se resolver, o que gera incertezas sobre a continuidade do diálogo internacional e a segurança na região.

  • Sputnik Brasil Celebra 10 Anos com Painel sobre BRICS e Soberania Global em Véspera da Cúpula no Rio de Janeiro

    No dia 3 de julho, a Sputnik Brasil celebra uma década de atuação com um painel que discute o papel do bloco BRICS na soberania global. O evento ocorre véspera da tão aguardada Cúpula do BRICS, que será realizada no Rio de Janeiro. Intitulado “BRICS como Promessa de Soberania Econômica, Midiática e Conceitual para o Sul Global”, o painel reunirá especialistas e analistas de renome para explorar a importância do BRICS na construção de um futuro mais autônomo e diversificado para os países do Sul Global.

    A discussão abordará como o BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, pode servir como uma plataforma para promover a soberania econômica, ajudando na defesa dos interesses dos países emergentes em um mundo cada vez mais multipolar. Temas como a soberania digital e o fortalecimento do multilateralismo também estarão em pauta, evidenciando a relevância do bloco em um cenário onde a hegemonia ocidental é frequentemente questionada.

    Entre os participantes do painel, destacam-se figuras de expressão como Aleksandr Dugin, filósofo russo conhecido por suas teorias sobre o eurasiatismo; Paulo Nogueira Batista Jr., economista brasileiro com vasta experiência em instituições internacionais; Glenn Greenwald, jornalista de renome que cofundou o site The Intercept, e Pepe Escobar, jornalista brasileiro que ganhou notoriedade pela sua análise crítica das dinâmicas geopolíticas globais.

    O evento, que será transmitido ao vivo através das redes sociais da Sputnik Brasil, promete trazer insights valiosos sobre como os países membros do BRICS podem colaborar para enfrentar os desafios contemporâneos e promover uma ordem mundial que priorize a autonomia e os interesses do Sul Global.

    Com uma década de história, a Sputnik Brasil se estabelece como um espaço de debate e reflexão sobre temas que muitas vezes são negligenciados pela grande mídia, convidando o público a participar dessa discussão essencial sobre o futuro da soberania e cooperação internacional.