Tag: Cooperação Internacional

  • Crescimento de Think Tanks Impulsiona Desenvolvimento do BRICS com Foco em Inovação e Soberania Digital

    Nos últimos anos, a expansão e consolidação do BRICS têm gerado um impacto significativo em várias esferas, especialmente no desenvolvimento de think tanks e instituições de pesquisa que se dedicam a estudar e promover as dinâmicas do grupo. De acordo com Camila Modanez, diretora de projetos do iBRICS+, essa crescente transformação se reflete no crescente interesse por parte de grupos de pesquisa acerca do BRICS, que se torna um elemento vital para o intercâmbio cultural e científico entre seus membros.

    Modanez defende que o Brasil, fortemente influenciado pela cultura norte-americana e europeia, deve buscar diversificar seus referenciais e fortalecer laços com outros parceiros do grupo. O iBRICS+, sob sua liderança, não apenas promove eventos para apresentar estudos e conectar pessoas, mas também tem um papel ativo em iniciativas concretas. Um dos projetos em andamento, por exemplo, envolve a parceria com o governo do Maranhão para intercâmbio de estudantes e desenvolvimento de habilidades técnicas com instituições russas.

    Entretanto, o desenvolvimento de um ecossistema de cooperação formal entre think tanks e universidades ainda apresenta desafios. Embora iniciativas individuais já estejam em andamento, a criação de uma plataforma digital que conecte os diversos projetos ainda é um pré-requisito para uma colaboração efetiva. O financiamento dessas iniciativas é um dos principais obstáculos enfrentados.

    Isabela Rocha, pesquisadora da Universidade de Brasília e presidente do Fórum para Tecnologia Estratégica do BRICS+, acrescenta que a institucionalização do BRICS é crucial para formalizar a atuação desses think tanks. A especialista ressalta a necessidade de acordos e regulamentações que garantam respaldo internacional para as iniciativas que emergem desse ecossistema.

    A proposta de criar métodos alternativos de pagamento, assim como uma criptomoeda própria para o BRICS, reflete a urgência de desenvolver um sistema financeiro que não dependa do SWIFT. Além disso, Rocha enfatiza a importância da soberania digital, ressaltando a necessidade de data centers locais que promovam segurança e proteção dos dados nacionais.

    Nesse contexto, a promoção da soberania tecnológica se destaca como um objetivo central das ações dessas entidades. O desenvolvimento de infraestrutura crítica, como a construção de data centers em solo nacional, é um passo necessário para garantir a segurança digital e afastar a dependência de tecnologias estrangeiras. Este caminho, embora repleto de desafios, é considerado imprescindível para que o BRICS possa desempenhar um papel significativo na nova ordem mundial multipolar.

  • Alagoas e França Fortalecem Laços com Encontro entre Secretário e Cônsul-Geral em Recife para Cooperar em Cultura e Turismo

    Na busca por fortalecer laços entre Alagoas e a França, o secretário de Estado das Relações Federativas e Internacionais, Júlio Cezar, realizou uma significativa visita a Recife nesta segunda-feira, 14 de agosto. Durante o encontro com o cônsul-geral francês, Serge Gas, foram discutidas diversas oportunidades de cooperação entre os dois territórios, em um contexto que celebra os 200 anos de relações diplomáticas entre os países.

    A pauta da reunião abrangeu áreas estratégicas como cultura, turismo e infraestrutura, com um destaque especial para o Aeroporto Costa dos Corais, que está em fase de construção no Litoral Norte de Alagoas e cuja conclusão está prevista para 2026. Este novo aeroporto é visto como um potencial impulsionador do turismo e um atrativo para novos investimentos, podendo transformar significativamente a dinâmica econômica da região.

    Júlio Cezar enfatizou a abertura de Alagoas para dialogar com investidores privados franceses, visando desenvolver concessões públicas e parcerias que beneficiem ambas as partes. Ele também mencionou a intenção de criar uma câmara de comércio que conecte empresas e instituições de Alagoas e da França, facilitando a troca de experiências e a promoção de projetos conjuntos.

    Além disso, já está confirmada a participação de Alagoas na Paris Design Week, programada para ocorrer de 4 a 13 de setembro de 2025. O evento, que é um dos mais relevantes no setor de design, terá como foco a promoção do artesanato alagoano, destacando a riqueza cultural do estado em um espaço que atrai a atenção de diversos públicos internacionais.

    Em suas declarações, o secretário manifestou a importância de expandir as fronteiras de Alagoas e buscar parcerias que possam fomentar o crescimento econômico. Ele ressaltou que “ninguém cresce sozinho” e que é fundamental estabelecer conexões com o mundo, reforçando o compromisso do estado com uma política de internacionalização. Através de um diálogo aberto e proativo com países estratégicos, o governo alagoano pretende não apenas valorizar sua cultura, mas também criar novas oportunidades para sua população, contribuindo assim para um desenvolvimento sustentável e integrado com a comunidade global.

  • POLÍTICA – Lula defende multilateralismo como solução para desafios globais e alerta sobre os riscos da “lei do mais forte” no comércio internacional.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu recentemente uma abordagem focada na diplomacia, cooperação e multilateralismo como respostas imprescindíveis aos desafios globais contemporâneos. Em um artigo amplamente divulgado, Lula expressou preocupações sobre a crescente prevalência da “lei do mais forte” no cenário internacional, alertando que essa dinâmica ameaça a estrutura do comércio multilateral.

    Embora não tenha mencionado especificamente as medidas de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro criticou essa postura, ressaltando que a implementação de tarifas gerais pode impulsionar a economia global a uma “espiral de preços altos e estagnação”. O presidente brasileiro enfatizou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) se tornou ineficaz e que o progresso da rodada de desenvolvimento de Doha foi relegado ao esquecimento. Para ele, é vital reestruturar as instituições multilaterais para que reflitam as novas realidades sociais e econômicas do mundo.

    Lula também se referiu a 2025 como o ano em que a ONU deve celebrar seus 80 anos, mas advertiu que esse marco pode ser ofuscado pela crise da ordem internacional. Ele lembrou que os conflitos recentes, como as intervenções no Iraque, Afeganistão e na Líbia, evidenciam a banalização da força, enquanto a recente escalada de violência no Oriente Médio exemplifica a falência das estruturas atuais de mediação.

    O presidente destacou que a crise financeira de 2008 expôs os limites da globalização neoliberal, e a resposta global a essa crise não foi no sentido correto. Em vez de promover a igualdade, muitos países optaram por cortar programas de cooperação internacional, perpetuando uma realidade onde mais de 700 milhões de pessoas ainda enfrentam a fome.

    Além disso, Lula abordou a crise climática, em que os países desenvolvidos, principais emissores de carbono, devem assumir responsabilidades mais significativas. Ele citou dados preocupantes sobre as temperaturas globais e o incumprimento de compromissos climáticos, como os acordos financeiros da COP 15.

    Em um cenário de polarização crescente, o presidente ressaltou que é impossível fugir das interdependências globais e que o Brasil continua a se posicionar como um agente facilitador da colaboração internacional, destacando sua atuação no G20 e outros fóruns. Por fim, Lula enfatizou que a paz e a prosperidade em um mundo interconectado são inegociáveis e devem ser buscadas por meio do diálogo e da inclusão.

  • INTERNACIONAL – BRICS Lança Parceria para Fortalecer Produção de Medicamentos e Vacinas no Sul Global durante Cúpula no Rio de Janeiro.

    Na última segunda-feira (7), durante a 17ª cúpula do Brics no Rio de Janeiro, foi anunciada uma iniciativa significativa chamada Parceria para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas. Esta parceria visa expandir a capacidade de produção de medicamentos e vacinas no Sul Global, abordando uma questão crítica de saúde pública. Alexandre Padilha, ministro da Saúde do Brasil, destacou que essa colaboração entre os países membros é um passo importante para garantir a soberania e a segurança sanitária, especialmente no contexto atual em que muitos países enfrentam incertezas no setor.

    Padilha mencionou parcerias já estabelecidas com nações como China e Índia, enfatizando a produção de insulina humana e a criação de medicamentos para o tratamento da tuberculose como exemplos do que pode ser alcançado. Ele ressaltou que o Brasil, após um período em que a produção de insulina havia sido descontinuada, voltou a fabricar o produto. Essa revitalização não apenas assegura que o país tenha acesso a medicamentos vitais, mas também diminui a dependência externa em relação a insumos de saúde.

    Além dos aspectos produtivos, essa parceria representa um importante posicionamento político do Brics diante de recentes posturas de países como os Estados Unidos, que têm demonstrado ceticismo em relação a organizações internacionais de saúde. “Atualmente, assistimos a líderes criticando a Organização Mundial de Saúde e reduzindo seu financiamento, além de desincentivarem a vacinação e se retirarem de coalizões globais de produtores de vacinas”, afirmou Padilha, enfatizando que, por outro lado, os países do Brics estão reafirmando a importância da saúde e da vida.

    Em um desdobramento promissor, o Brasil apresentou um projeto ao Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como NDB, solicitando um investimento de R$ 1,5 bilhão para a criação de um instituto tecnológico de medicina inteligente, em parceria com a China. A iniciativa propõe a construção de um hospital equipado com tecnologias avançadas, que será um modelo a ser replicado em unidades de terapia intensiva em todo o país. Essa abordagem inovadora poderá ser um divisor de águas para a saúde pública brasileira, apostando na integração de tecnologia e medicina para melhorar os serviços de saúde.

  • INTERNACIONAL – Lula Defende Brics como Alternativa ao Multilateralismo Tradicional em Cúpula no Rio: “Não Nasceu para Afrontar Ninguém” e Critica Austeridade do FMI

    Na última segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez declarações significativas a respeito do Brics, grupo formado por países emergentes, logo após a 17ª Cúpula de Líderes, realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. Durante sua coletiva de imprensa, Lula destacou que o Brics não nasceu com a intenção de desafiar nenhum país, mas sim como uma alternativa política que prioriza a solidariedade entre nações.

    “O Brics é um novo modelo, que visa a colaboração, e não um confronto”, afirmou Lula, enfatizando a necessidade de mudar a maneira como a política global é conduzida. O presidente também criticou o atual sistema de governança internacional, notadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI), que, segundo ele, tem imposto políticas de austeridade ineptas que levam países em desenvolvimento à falência.

    Lula sustentou que o modelo de empréstimos do FMI, frequentemente atrelado a exigências rigorosas, tem exacerbado as dificuldades financeiras dos países mais pobres, tornando suas dívidas cada vez mais impagáveis. Ele também questionou a estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que permite que apenas cinco dos 15 membros tenham assento permanente e poder de veto, o que, segundo ele, é inadmissível em um mundo em mudança.

    O presidente evocou o aumento de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, mencionando eventos como a guerra do Iraque e invasões da Líbia e da Ucrânia. Lula salientou que a percepção de impotência do Conselho de Segurança em evitar guerras mina a credibilidade da ONU na mediação de conflitos.

    Além dessas questões, Lula manifestou apoio à ideia de que Brasil e Índia desempenhem papéis mais significativos no Conselho de Segurança da ONU, como respondido na declaração final da cúpula, que contou com apoio dos líderes da China e da Rússia.

    Lula dedicou parte de sua fala à situação na Faixa de Gaza, condenando a ofensiva israelense e caracterizando os ataques como genocídio, um ponto que já havia abordado anteriormente.

    O Brics, atualmente, é composto por 11 países membros e 10 parceiros, e apresenta-se como um espaço inclusivo, não como um “clube de privilegiados”, conforme ressaltou Lula, defendendo que o grupo está aberto à adesão de novas nações. Em sua análise sobre o comércio, ele abordou a ideia de transações em moedas locais, sugerindo que a dependência do dólar americano precisa ser superada, embora reconheça os desafios históricos desse movimento.

    Por fim, o Brics, que representa 39% da economia global e abrange quase metade da população mundial, continua a se consolidar como uma alternativa viável de cooperação internacional, à medida que busca transformar suas relações econômicas e sociais. A presidência do bloco será assumida pela Índia em 2026, após o período de liderança brasileira.

  • ECONOMIA – Lula Defende Maior Investimento Fiscal em Cúpula do Brics para Combater Desigualdades e Garantir Saúde no Sul Global

    Na abertura do segundo dia da cúpula de líderes do Brics, realizada no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um contundente apelo por maior espaço fiscal para os países do Sul Global. Segundo Lula, essa medida é crucial para garantir uma vida saudável às populações dessas nações em desenvolvimento. Ele enfatizou que direitos básicos, como saúde, dependem fundamentalmente de investimentos em áreas como saneamento básico, alimentação saudável, educação de qualidade, moradia digna, emprego e renda.

    Lula abordou diretamente a importância do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3), que visa promover saúde e bem-estar, ressaltando que o mesmo requer a ampliação das possibilidades de gastos públicos. Durante sua fala, o presidente destacou as doenças que afligem as populações do Sul Global, frequentemente agravadas por desigualdades sociais. “No Brasil e no mundo, fatores como renda, nível educacional, gênero, etnia e local de nascimento influenciam diretamente a saúde e a mortalidade das pessoas”, alertou.

    O presidente mencionou que diversas enfermidades, que hoje ainda causam grandes danos em países em desenvolvimento, como o mal de Chagas e a cólera, teriam sido eliminadas se estivessem concentradas em países do Norte Global. Ele defendeu uma maior ênfase na ciência e na transferência de tecnologias, como um meio para priorizar a vida e a saúde das populações. Lula também chamou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a recuperar sua posição de liderança no combate às pandemias e na promoção da saúde pública.

    Uma das novidades anunciadas na cúpula foi a formação de uma parceria para a eliminação de doenças relacionadas a fatores sociais, com foco em superar desigualdades através de ações voltadas para infraestrutura física e digital.

    Lula citou avanços concretos já alcançados pelo Brics, entre eles a criação da Rede de Pesquisa de Tuberculose, apoio do Novo Banco de Desenvolvimento e cooperação em regulamentação de produtos médicos. Ao afirmar que “estamos liderando pelo exemplo”, ele reiterou o compromisso do bloco em colocar a dignidade humana no centro de suas decisões.

    O Brics, composto por 11 países, incluindo nações como Brasil, China, Índia e Rússia, representa uma parte significativa da economia e da população mundial. O grupo, que se posiciona como uma coalizão de países do Sul Global, busca intensificar a cooperação entre seus membros e reivindicar um tratamento mais justo em organismos internacionais. A presidência do Brics é rotativa, e o Brasil cederá a vez para a Índia em 2026.

  • Brasil busca apoio do NDB para nova rota de cabos de fibra óptica e redução da dependência digital do hemisfério norte entre países do Sul Global.

    No último domingo, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, revelou que o governo brasileiro está buscando a colaboração do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco do Brics, para realizar um estudo de viabilidade voltado para a criação de uma nova rota de cabos de fibra óptica. O objetivo dessa iniciativa é fortalecer a infraestrutura digital entre os países do Sul Global, diminuindo a dependência das conexões controladas por nações do hemisfério norte.

    Em suas declarações, Luciana destacou a concentração das atuais rotas de cabos de fibra óptica nos países do norte global. Essa realidade, segundo a ministra, limita a autonomia digital dos países em desenvolvimento. “Vamos realizar esse estudo de viabilidade para garantir uma alternativa”, afirmou, enfatizando a importância de uma rede própria e segura para o tráfego de informações vitais. A proposta visa ampliar a soberania digital dos países emergentes, possibilitando um ambiente mais seguro para a troca de dados.

    Ainda de acordo com a ministra, essa discussão surgiu como uma das principais conclusões durante as recentes reuniões internacionais do governo, onde a necessidade de diversificar e expandir as opções de conectividade digital foi amplamente debatida. O estudo que está sendo planejado não se restringe a encontrar rotas alternativas; ele também irá investigar diversos aspectos, incluindo os custos envolvidos e o impacto geopolítico que uma nova rede poderia ter na dinâmica global.

    A colaboração com o Banco do Brics se mostra crucial para a execução do projeto, uma vez que este apoio financeiro será determinante para a viabilização da iniciativa. O governo brasileiro parece estar empenhado em transformar essa visão em realidade, reconhecendo a importância de uma infra-estrutura digital robusta e soberana para o desenvolvimento socioeconômico dos países do Sul Global. Essa proposta não apenas visa aprimorar a conectividade, mas também posiciona os países emergentes em uma nova configuração no cenário digital e econômico mundial.

  • INTERNACIONAL – BRICS Avança em Projeto de Cabos Submarinos para Aumentar Velocidade e Soberania na Comunicação entre Países Membros

    Na 17ª Reunião de Cúpula do Brics, que ocorre no Rio de Janeiro, os países membros do grupo discutiram a viabilidade de um projeto ambicioso: a construção de uma rede de comunicação de alta velocidade via cabos submarinos. A proposta, que busca interligar os países de maneira mais eficiente e segura, foi formalizada na Declaração Final do encontro, evidenciando a determinação dos líderes em avançar na troca de dados entre as nações.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância deste estudo ao destacar que a criação de cabos submarinos aumentaria a velocidade e a segurança na transferência de informações. Segundo Lula, essa infraestrutura é essencial para fortalecer a soberania digital dos países do Brics e facilitar, por exemplo, o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA). O primeiro passo para a concretização desse projeto será a realização de um estudo de viabilidade técnica e econômica, que deverá ser financiado pelo Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do Brics.

    Atualmente, a rede global de cabos de fibra óptica que suporta a comunicação mundial é predominantemente concentrada no Norte Global, dominada por economias como a dos Estados Unidos, da França, do Japão e da China. Em um cenário onde a infraestrutura de dados é vital para o desenvolvimento econômico e social, a ministra Luciana Santos ressaltou a necessidade de um sistema que permita o controle soberano dos estímulos digitais, afirmando: “Nós temos que ter um cabo próprio, em que os dados sejam nossos”.

    O Brics, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, entre outros, representa uma parcela significativa da economia mundial, com os países membros respondendo por 39% do PIB global e 48,5% da população. Espacialmente, há um potencial enorme para o intercâmbio comercial, dado que estes países foram responsáveis por 36% das exportações brasileiras em 2024, enquanto as importações do Brasil representaram 34% do total proveniente desses parceiros.

    Além do estudo sobre a rede de comunicação, o encontro resultou em um documento específico sobre a Governança Global da Inteligência Artificial. No contexto nacional, o Brasil conta com 11 centros de competência dedicados ao desenvolvimento de soluções em IA, alinhados com as necessidades específicas de setores como saúde e educação, parte integrante do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que já conta com um financiamento de R$ 23 milhões.

    A ministra Luciana Santos finalizou suas declarações destacando que a inteligência artificial deve ser encarada como uma ferramenta que, se bem utilizada, pode promover avanços significativos na sociedade, desde que controlada com responsabilidade e ética. Essa visão ressalta a busca do Brasil por um futuro em que ciência e tecnologia estejam cada vez mais alinhadas com os interesses e necessidades da população.

  • INTERNACIONAL – Brics aposta em colaboração global e governança da ONU para impulsionar desenvolvimento ético da Inteligência Artificial e minimizar riscos sociais e ambientais.

    Na noite deste domingo, o Brics divulgou uma declaração conjunta que ressalta a importância do desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) em código aberto, promovendo o compartilhamento global de tecnologias e conhecimentos. Este documento é o primeiro de três planejados para a Cúpula de Líderes, que acontece no Rio de Janeiro, e estabelece diretrizes focadas em um acesso equitativo a essas tecnologias emergentes. Outros dois comunicados, abordando financiamento climático e saúde, estão previstos para serem lançados nesta segunda-feira.

    Essas diretrizes visam unificar as abordagens do grupo em fóruns internacionais, especialmente nas interações com nações mais ricas, que atualmente lideram o avanço tecnológico em IA. Um dos trechos do documento destaca que a cooperação internacional é essencial para garantir que países de baixa e média renda tenham acesso a recursos financeiros e conhecimentos necessários para pesquisa e inovação na área. O Brics enfatiza, portanto, a importância de derrubar barreiras que dificultam o acesso a tecnologias críticas.

    Outro aspecto abordado na declaração é a questão da propriedade intelectual, especialmente em relação aos direitos autorais. O grupo manifestou preocupações sobre o uso de conteúdos não autorizados gerados por meio da tecnologia, destacando a necessidade de um equilíbrio entre direitos de propriedade, transparência e responsabilidade para proteger o interesse público e facilitar a transferência de tecnologia.

    Em consonância com a temática da cúpula, os líderes do Brics defendem que o multilateralismo deve guiar a utilização da IA. O grupo propõe esforços para a criação de uma governança global centrada na Organização das Nações Unidas (ONU), com a intenção de mitigar riscos e garantir um acesso mais inclusivo às novas tecnologias. Isso possibilitaria uma troca mais eficaz de políticas e diálogos sobre IA, além de fomentar a inovação e o crescimento econômico.

    A declaração também destaca a regulação da IA, afirmando que a economia digital deve proteger os direitos e deveres dos Estados, empresas e cidadãos, em conformidade com legislações nacionais e acordos internacionais.

    Além disso, o documento aborda preocupações com os impactos ambientais e sociais do uso da IA. Embora reconheça o potencial da tecnologia para impulsionar produtividade e inovação, o Brics alerta sobre desafios relacionados ao mercado de trabalho, como o deslocamento de empregos e a dignidade dos trabalhadores. A declaração também destaca os riscos associados a vieses algorítmicos, que podem resultar em discriminação e exclusão de grupos vulneráveis.

    A ética na utilização da IA é outro ponto crucial, com menção às ameaças representadas pela manipulação de informações e pela disseminação de conteúdos falsos. O Brics sugere que a educação midiática e a promoção da alfabetização digital sejam centrais nas estratégias para combater a desinformação. Dessa forma, o grupo procura estabelecer um quadro de referência que não apenas promova o avanço tecnológico, mas que também proteja os valores sociais e éticos fundamentais.

  • SAÚDE – BRICS Aprova Parceria Internacional para Eliminar Doenças da Pobreza e Avançar na Equidade em Saúde em Cúpula no Rio de Janeiro.

    Os países que compõem o BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e nações parceiras, como Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, aprovaram um importante pacto voltado para a Saúde Global. Durante a 17ª Reunião de Cúpula, realizada no Rio de Janeiro, discutiu-se a criação da Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas. Esta iniciativa, que vem sendo debatida em encontros prévios à cúpula, foi incorporada à Declaração Final do evento, divulgada no último domingo (6).

    O documento destaca a necessidade de uma abordagem integrada e multissetorial na luta contra as desigualdades em saúde. A proposta visa não apenas combater as doenças, mas também atacar suas causas raízes, como a pobreza e a exclusão social. A intenção é promover maior solidariedade entre os países do BRICS, mobilizando recursos e promovendo a inovação para garantir um futuro mais saudável para todos.

    Inspirada pelo Programa Brasil Saudável, que busca enfrentar questões sociais e ambientais que impactam a saúde de populações vulneráveis, a nova parceria procura eliminar doenças frequentemente negligenciadas por nações mais abastadas. Doenças como tuberculose, hanseníase, malária, dengue e febre amarela, são frequentemente rotuladas como “doenças da pobreza” e não recebem a atenção devida em pesquisas nos países ricos.

    A presidência brasileira no BRICS expressou satisfação com a aprovação da parceria, ressaltando que esta é uma conquista significativa para a equidade em saúde. O comunicado enfatiza o comprometimento do bloco em enfrentar as disparidades de saúde que afetam as populações mais vulneráveis.

    Na mesma declaração, os países participantes também reforçaram a importância da cooperação no combate à tuberculose, resistência antimicrobiana e na melhoria das capacidades de prevenção de doenças, tanto transmissíveis quanto não transmissíveis. Ressaltaram ainda a troca de experiências no que tange à medicina tradicional e saúde digital.

    Além da parceria para a eliminação das doenças socialmente determinadas, foram aprovados outros três documentos: a Declaração Marco sobre Finanças Climáticas, a Declaração sobre Governança Global da Inteligência Artificial e, claro, a já mencionada parceria. O detalhamento da Parceria deverá ser apresentado nesta segunda-feira (7), dia em que acontecerá uma sessão plenária voltada ao Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global. Esta cúpula do BRICS está sendo marcada por um forte compromisso com a melhoria da saúde global e a busca por justiça social.