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  • ECONOMIA – BRICS Ignoram Ameaças de Trump e Avançam em Comércio com Moedas Locais, Afirma Especialista

    As recentes ameaças do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não devem desviar os países membros do Brics de seus objetivos de estreitar relações comerciais que utilizem suas próprias moedas, ao invés do dólar. Essa é a análise de especialistas no assunto, que consideram que tais declarações não devem ter o efeito desejado sobre o grupo, composto por nações como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

    Durante a 17ª Cúpula do Brics, que ocorreu recentemente no Rio de Janeiro, foi divulgada a Declaração Final do encontro, onde os membros do bloco defenderam uma ordem mundial mais equitativa. Em resposta, Trump fez postagens em suas redes sociais, ameaçando taxações adicionais sobre países que se alinharem com o Brics. No entanto, especialistas como Luiz Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas, ponderam que as nações estão, na verdade, buscando maneiras de minimizar os impactos negativos que o uso do dólar como moeda padrão impõe sobre suas economias.

    Belluzzo explicou que a desvalorização e valorização constante do dólar traz inseguranças às economias em desenvolvimento, levando-as a estabelecer acordos bilaterais que priorizam o uso de suas próprias moedas. Ele destacou que o foco não está em criar uma nova moeda de reserva global, mas em fomentar transações financeiras diretas entre os países membros, como já acontece nas relações entre China e Brasil, e China e Índia.

    No mesmo sentido, Antonio Jorge Ramalho da Rocha, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, apontou que a retórica hostil de Trump pode, paradoxalmente, incentivar os países a reduzirem sua dependência econômica em relação aos EUA. Ele ressalta que a ideia de utilizar moedas locais e alternativas econômicas é uma discussão antiga dentro do Brics e visa principalmente a redução de custos operacionais nas transações.

    André Roncaglia, diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), também reforçou a importância da formatação de relações bilaterais que fortaleçam sistemas de pagamentos nacionais. Ele enfatizou que a criação de uma infraestrutura monetária robusta pode aumentar a resiliência dos países frente a crises financeiras globais, especialmente em um contexto de incerteza econômica.

    Adicionalmente, o grupo condenou o uso de sanções comerciais e tarifas unilaterais como instrumentos políticos, observando que tais praticas prejudicam especialmente os países em desenvolvimento. De acordo com os líderes do Brics, o protecionismo fere os direitos humanos e aumenta a desigualdade no mundo.

    Por fim, a cúpula reforçou a importância de seguir adiante com negociações sobre a interoperabilidade dos sistemas de pagamento entre os membros, buscando estimular o uso de moedas locais e facilitar transações comerciais. A ênfase está na continuidade dessa discussão, que terá prosseguimento no segundo semestre, quando a Índia assumirá a presidência do Brics. Com um bloco que representa 39% da economia mundial e uma população que abrange quase metade do planeta, as expectativas são altas em relação ao impacto desses acordos no cenário global.

  • ECONOMIA – Lula Defende Maior Investimento Fiscal em Cúpula do Brics para Combater Desigualdades e Garantir Saúde no Sul Global

    Na abertura do segundo dia da cúpula de líderes do Brics, realizada no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um contundente apelo por maior espaço fiscal para os países do Sul Global. Segundo Lula, essa medida é crucial para garantir uma vida saudável às populações dessas nações em desenvolvimento. Ele enfatizou que direitos básicos, como saúde, dependem fundamentalmente de investimentos em áreas como saneamento básico, alimentação saudável, educação de qualidade, moradia digna, emprego e renda.

    Lula abordou diretamente a importância do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3), que visa promover saúde e bem-estar, ressaltando que o mesmo requer a ampliação das possibilidades de gastos públicos. Durante sua fala, o presidente destacou as doenças que afligem as populações do Sul Global, frequentemente agravadas por desigualdades sociais. “No Brasil e no mundo, fatores como renda, nível educacional, gênero, etnia e local de nascimento influenciam diretamente a saúde e a mortalidade das pessoas”, alertou.

    O presidente mencionou que diversas enfermidades, que hoje ainda causam grandes danos em países em desenvolvimento, como o mal de Chagas e a cólera, teriam sido eliminadas se estivessem concentradas em países do Norte Global. Ele defendeu uma maior ênfase na ciência e na transferência de tecnologias, como um meio para priorizar a vida e a saúde das populações. Lula também chamou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a recuperar sua posição de liderança no combate às pandemias e na promoção da saúde pública.

    Uma das novidades anunciadas na cúpula foi a formação de uma parceria para a eliminação de doenças relacionadas a fatores sociais, com foco em superar desigualdades através de ações voltadas para infraestrutura física e digital.

    Lula citou avanços concretos já alcançados pelo Brics, entre eles a criação da Rede de Pesquisa de Tuberculose, apoio do Novo Banco de Desenvolvimento e cooperação em regulamentação de produtos médicos. Ao afirmar que “estamos liderando pelo exemplo”, ele reiterou o compromisso do bloco em colocar a dignidade humana no centro de suas decisões.

    O Brics, composto por 11 países, incluindo nações como Brasil, China, Índia e Rússia, representa uma parte significativa da economia e da população mundial. O grupo, que se posiciona como uma coalizão de países do Sul Global, busca intensificar a cooperação entre seus membros e reivindicar um tratamento mais justo em organismos internacionais. A presidência do Brics é rotativa, e o Brasil cederá a vez para a Índia em 2026.

  • INTERNACIONAL – BRICS Destaca Papel do Sul Global em Cúpula e Defende Cooperação para Enfrentar Desafios Geopolíticos e Climáticos na Declaração Final do Rio de Janeiro.

    No último domingo, a 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, resultou em uma Declaração Final que reforça a importância do Sul Global como um catalisador para mudanças significativas. O texto detalha uma série de desafios internacionais que incluem tensões geopolíticas, desaceleração econômica, transformações tecnológicas rápidas, protecionismo e questões migratórias. Os líderes do bloco, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, destacaram que o Brics continuará a representar as preocupações e necessidades do Sul Global, além de buscar uma ordem internacional mais equilibrada e sustentável.

    Outra preocupação manifesta entre os países do Brics reside nos conflitos armados ao redor do mundo. A declaração expressou apreensão sobre o aumento dos gastos militares, que, segundo o documento, têm prejudicado o desenvolvimento em países em desenvolvimento. Os líderes do bloco pediram uma abordagem multilateral para questões globais, enfatizando a importância de um cessar-fogo em conflitos como o da Gaza e manifestaram condenação a ataques militares contra o Irã.

    No que diz respeito à cooperação econômica, a cúpula destacou a intenção de aprofundar os laços comerciais e financeiros entre os membros do Brics. Combinados, os países-membros apresentam uma parcela significativa da economia mundial, sendo responsáveis por quase 40% do PIB global e cerca de 49% da população.

    Os líderes também abordaram questões prementes como mudanças climáticas e inteligência artificial. A Declaração sublinha a necessidade de regulamentação global da IA, que deve oferecer segurança e acessibilidade a todos os países, especialmente aos menos desenvolvidos. Além disso, reafirmaram seu compromisso com tratados internacionais relacionados ao clima, como o Acordo de Paris, e apoiaram iniciativas inovadoras, como o Fundo Florestas Tropicais proposto pelo Brasil, que visa financiar a conservação das florestas tropicais.

    Os resultados da cúpula foram consolidados em um documento abrangente intitulado “Declaração do Rio de Janeiro”, que inclui 126 pontos divididos em cinco temas principais, como a promoção da paz e a reforma da governança global. Além da declaração principal, três outros documentos foram ratificados, mostrando a união dos países em torno de questões cruciais de governança global e desenvolvimento sustentável. A cúpula representa, portanto, um passo significativo para a consolidação de uma aliança que busca não só atender às necessidades de seus membros, mas também promover um diálogo construtivo no cenário internacional.

  • INTERNACIONAL – Trump Ameaça Taxas a Países Alinhados ao Brics Durante Cúpula no Rio de Janeiro e Defende Medidas Protecionistas.

    Durante a reunião de cúpula do Brics, em pleno Rio de Janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou uma contundente advertência a países que se unirem ao bloco. Em uma mensagem publicada em suas redes sociais, Trump afirmou que qualquer nação que se alinhe às diretrizes consideradas “antiamericanas” do Brics será penalizada com tarifas adicionais de 10%. A declaração gerou um burburinho imediato nas esferas política e econômica, especialmente considerando o histórico de tensões comerciais entre os Estados Unidos e várias nações do grupo.

    O Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de uma crescente lista de parceiros, promove um modelo de comércio global que, segundo sua declaração de líderes, defende um sistema multilateral aberto e justo. No comunicado emitido no último domingo, o grupo enfatizou a importância de um comércio baseado em regras que priorize a transparência e a equidade, posicionando a Organização Mundial do Comércio (OMC) como um pilar central desse sistema. A declaração criticou as práticas protecionistas que têm ameaçado o comércio internacional, reafirmando a necessidade de um ambiente econômico mais cooperativo.

    Trump, que iniciou seu mandato em janeiro deste ano, já havia implementado aumentos de tarifas sobre produtos importados logo em seus primeiros dias no cargo. Essa postura não apenas levantou questões sobre políticas comerciais dos EUA, mas também provocou reações contundentes de diversos países afetados. Ao expor sua estratégia em relação ao Brics, o presidente americano se mostra determinado a manter uma linha de confronto com países que considera como adversários em termos econômicos.

    Além dos cinco países fundadores, o Brics agora inclui Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Indonésia, Egito e Etiópia. Uma rede de parcerias e colaborações está se expandindo, incluindo mais dez nações, como Bielorrússia, Bolívia e Malásia, potencializando o impacto do bloco no cenário econômico global e trazendo novos desafios para os Estados Unidos em sua busca por influência no comércio internacional. A guerra comercial parece estar longe de um desfecho, e o posicionamento de Trump pode intensificar as medidas de retaliação entre as principais economias do mundo.

  • Brasil busca apoio do NDB para nova rota de cabos de fibra óptica e redução da dependência digital do hemisfério norte entre países do Sul Global.

    No último domingo, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, revelou que o governo brasileiro está buscando a colaboração do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco do Brics, para realizar um estudo de viabilidade voltado para a criação de uma nova rota de cabos de fibra óptica. O objetivo dessa iniciativa é fortalecer a infraestrutura digital entre os países do Sul Global, diminuindo a dependência das conexões controladas por nações do hemisfério norte.

    Em suas declarações, Luciana destacou a concentração das atuais rotas de cabos de fibra óptica nos países do norte global. Essa realidade, segundo a ministra, limita a autonomia digital dos países em desenvolvimento. “Vamos realizar esse estudo de viabilidade para garantir uma alternativa”, afirmou, enfatizando a importância de uma rede própria e segura para o tráfego de informações vitais. A proposta visa ampliar a soberania digital dos países emergentes, possibilitando um ambiente mais seguro para a troca de dados.

    Ainda de acordo com a ministra, essa discussão surgiu como uma das principais conclusões durante as recentes reuniões internacionais do governo, onde a necessidade de diversificar e expandir as opções de conectividade digital foi amplamente debatida. O estudo que está sendo planejado não se restringe a encontrar rotas alternativas; ele também irá investigar diversos aspectos, incluindo os custos envolvidos e o impacto geopolítico que uma nova rede poderia ter na dinâmica global.

    A colaboração com o Banco do Brics se mostra crucial para a execução do projeto, uma vez que este apoio financeiro será determinante para a viabilização da iniciativa. O governo brasileiro parece estar empenhado em transformar essa visão em realidade, reconhecendo a importância de uma infra-estrutura digital robusta e soberana para o desenvolvimento socioeconômico dos países do Sul Global. Essa proposta não apenas visa aprimorar a conectividade, mas também posiciona os países emergentes em uma nova configuração no cenário digital e econômico mundial.

  • INTERNACIONAL – Brics Defende Reforma do Conselho de Segurança da ONU e Fortalecimento do Multilateralismo em Reunião no Rio de Janeiro

    Neste domingo (6), a Conferência de Líderes do Brics, realizada no Rio de Janeiro, deu à luz uma declaração significativa, que reflete o interesse conjunto do Brasil, Índia e nações africanas em serem reconhecidos como membros permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Este ponto, uma das principais áreas de tensão entre os países do bloco, foi crucial para a elaboração do documento final.

    A declaração destaca, primeiramente, a legitimidade das aspirações africanas, mencionando a importância do Consenso de Ezulwini e da Declaração de Sirte. Esta última, fruto da criação da União Africana em 1999, e o Consenso, elaborado em 2005, postulam a necessidade de dois assentos permanentes com poder de veto para a África, além de cinco assentos não permanentes, que seriam escolhidos pela própria União Africana.

    Além disso, o texto reafirma o apoio da China e da Rússia às ambições do Brasil e da Índia em influenciar mais ativamente as decisões da ONU, especialmente no que diz respeito ao Conselho de Segurança. Em um contexto mais amplo, a declaração pede por um Conselho mais democrático e representativo, ressaltando que ele deve atender aos desafios globais atuais e apoiar as necessidades dos países em desenvolvimento.

    No que diz respeito ao fortalecimento do multilateralismo, a reunião também enfatizou a necessidade de reformas nas instituições de Bretton Woods, que incluem o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Segundo os líderes do Brics, a voz das economias em desenvolvimento deve ser suficientemente ouvida no cenário econômico global. O documento aponta que o FMI deve prestar especial atenção aos países mais frágeis e aumentar as cotas na 16ª Revisão Geral de Cotas.

    A declaração ainda expressa apoio à revisão de participações acionárias do Banco Mundial, prevista para 2025, com o Brasil à frente deste processo. Essa revisão visa fortalecer a legitimidade do Banco Mundial e, consequentemente, do multilateralismo.

    Os líderes do Brics também destacaram uma crescente preocupação com o sistema multilateral de comércio, alertando para os riscos impostos por tarifas unilaterais, em um claro alusão ao protecionismo. O documento denota a necessidade de um comércio global mais livre e justo, frisando a importância da Organização Mundial do Comércio (OMC) como a entidade com condições de liderar discussões sobre as regras do comércio internacional.

    Finalmente, a declaração reafirma o compromisso com a saúde global, pedindo maior investimento na Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfrentar futuros desafios sanitários, garantindo acesso equitativo a serviços de saúde e vacinas, especialmente para os países em desenvolvimento. Os líderes enfatizam a importância do Acordo sobre Pandemias da OMS para a construção de um futuro mais seguro e justo diante de crises de saúde.

  • INTERNACIONAL – Brics condena sanções comerciais unilaterais e pede respeito ao direito internacional em comunicado sem citar diretamente os EUA ou Trump.

    Na recente cúpula do Brics, os países integrantes do bloco emitiram um comunicado que reflete uma forte oposição ao uso de sanções comerciais e tarifas unilaterais como ferramentas de pressão política. Embora o texto não tenha mencionado especificamente os Estados Unidos ou a administração anterior de Donald Trump, a crítica a essas práticas é clara e enfática.

    O documento ressalta que o protecionismo comercial, quando desrespeita o direito internacional, prejudica particularmente as nações em desenvolvimento, exacerbando as desigualdades globais. Isso, por sua vez, contribui para uma expansão da exclusão digital e acarreta uma série de desafios ambientais.

    O comunicado condena explicitamente a imposição de medidas coercitivas unilaterais que ferem o direito internacional. Destaca que as sanções econômicas e as sanções secundárias não apenas impactam negativamente os direitos humanos, mas também comprometem direitos fundamentais como os referentes ao desenvolvimento, à saúde e à segurança alimentar das populações afetadas. Em um chamado à ação, o documento pede a suspensão dessas medidas e uma regulação que esteja de acordo com os critérios estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os países do Brics enfatizam que apenas sanções autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU, onde Rússia e China detêm poder de veto, devem ser consideradas legítimas.

    Além disso, os membros do Brics expressaram sua preocupação com os conflitos existentes em várias partes do mundo e com a crescente polarização da ordem internacional. Eles defendem uma abordagem multilateral que valorize as distintas perspectivas e posições nacionais em questões globais vitais.

    Em relação ao multilateralismo, o bloco reafirmou a importância do engajamento conjunto no enfrentamento das mudanças climáticas e na ampliação do financiamento para países em desenvolvimento, visando investimentos em infraestrutura e transição energética. O comunicado conclui que a colaboração entre os associados do Brics é essencial para promover um futuro sustentável e transições justas em nível global.

    O Brics, um agrupamento que abrange 11 países – entre eles Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além de outros membros e parceiros – representa uma parcela significativa da economia global. Com a realização da 17ª Reunião de Cúpula no Rio de Janeiro, onde se discutam temas críticos para a economia e a política internacional, o Brics se posiciona como um ator relevante na busca de soluções colaborativas para desafios globais.

  • INTERNACIONAL – BRICS Avança em Projeto de Cabos Submarinos para Aumentar Velocidade e Soberania na Comunicação entre Países Membros

    Na 17ª Reunião de Cúpula do Brics, que ocorre no Rio de Janeiro, os países membros do grupo discutiram a viabilidade de um projeto ambicioso: a construção de uma rede de comunicação de alta velocidade via cabos submarinos. A proposta, que busca interligar os países de maneira mais eficiente e segura, foi formalizada na Declaração Final do encontro, evidenciando a determinação dos líderes em avançar na troca de dados entre as nações.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância deste estudo ao destacar que a criação de cabos submarinos aumentaria a velocidade e a segurança na transferência de informações. Segundo Lula, essa infraestrutura é essencial para fortalecer a soberania digital dos países do Brics e facilitar, por exemplo, o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA). O primeiro passo para a concretização desse projeto será a realização de um estudo de viabilidade técnica e econômica, que deverá ser financiado pelo Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do Brics.

    Atualmente, a rede global de cabos de fibra óptica que suporta a comunicação mundial é predominantemente concentrada no Norte Global, dominada por economias como a dos Estados Unidos, da França, do Japão e da China. Em um cenário onde a infraestrutura de dados é vital para o desenvolvimento econômico e social, a ministra Luciana Santos ressaltou a necessidade de um sistema que permita o controle soberano dos estímulos digitais, afirmando: “Nós temos que ter um cabo próprio, em que os dados sejam nossos”.

    O Brics, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, entre outros, representa uma parcela significativa da economia mundial, com os países membros respondendo por 39% do PIB global e 48,5% da população. Espacialmente, há um potencial enorme para o intercâmbio comercial, dado que estes países foram responsáveis por 36% das exportações brasileiras em 2024, enquanto as importações do Brasil representaram 34% do total proveniente desses parceiros.

    Além do estudo sobre a rede de comunicação, o encontro resultou em um documento específico sobre a Governança Global da Inteligência Artificial. No contexto nacional, o Brasil conta com 11 centros de competência dedicados ao desenvolvimento de soluções em IA, alinhados com as necessidades específicas de setores como saúde e educação, parte integrante do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que já conta com um financiamento de R$ 23 milhões.

    A ministra Luciana Santos finalizou suas declarações destacando que a inteligência artificial deve ser encarada como uma ferramenta que, se bem utilizada, pode promover avanços significativos na sociedade, desde que controlada com responsabilidade e ética. Essa visão ressalta a busca do Brasil por um futuro em que ciência e tecnologia estejam cada vez mais alinhadas com os interesses e necessidades da população.

  • Trump ameaça tarifas de 10% para países que apoiarem BRICS em meio a cúpula internacional no Brasil. Crises comerciais à vista?

    Na mais recente declaração, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxe à tona uma ameaça que pode impactar a dinâmica econômica global. Ele anunciou que impondrá uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que manifeste apoio às políticas do BRICS, um bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A declaração foi feita por meio de sua plataforma, Truth Social, e coincide com a realização de uma cúpula dos líderes do BRICS no Rio de Janeiro, onde acordos comerciais significativos estão prestes a ser firmados.

    Trump classificou as ações do BRICS como “antiamericanas” e expressou que não há espaço para exceções nessa nova política tarifária. A medida ocorre em um contexto de crescente tensão entre os Estados Unidos e os países que compõem o bloco, os quais têm promovido um modelo de cooperação que desafia a hegemonia econômica e política dos EUA no cenário internacional.

    A cúpula do BRICS, que se inicia num momento crucial, visa fortalecer laços comerciais e discutir estratégias de desenvolvimento conjunto. Com a proposta de Trump, a pressão sobre esses países pode aumentar, já que muitos deles buscam alternativas ao domínio econômico norte-americano. Ao elevar as tarifas, os EUA buscam não apenas proteger sua economia, mas também reafirmar sua influência em um momento em que novos blocos de poder estão emergindo na arena global.

    Essa estratégia tarifária, além de ser uma medida protecionista, pode levar a um ambiente de maior instabilidade nas relações comerciais internacionais. Os países afetados poderão avaliar se a dependência dos EUA em termos comerciais vale o custo adicional imposto por suas regulamentações. Observadores de economia internacional comentam que essa postura pode agravar tensões já existentes e desencadear uma série de reações que afetarão os mercados globais.

    Enquanto a situação evolui, especialistas e líderes políticos ao redor do mundo ficarão atentos ao desenrolar dos eventos, principalmente em relação às repercussões que essa ameaça pode ter não apenas sobre as relações entre os EUA e os países do BRICS, mas também sobre o comércio global como um todo.

  • África do Sul refuta acusações de genocídio contra brancos, destaca parceria no BRICS e reforça comércio em moedas locais durante cúpula no Rio de Janeiro.

    Em maio deste ano, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações polêmicas ao afirmar, sem apresentar evidências concretas, que a população branca da África do Sul, conhecida como afrikaners, estaria sofrendo um genocídio. Essa alegação causou repercussão internacional e culminou na concessão do status de refugiado a alguns membros desta comunidade pelo governo americano.

    No entanto, o ministro das Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, rapidamente refutou essas acusações. Em uma coletiva de imprensa durante a cúpula do BRICS realizada no Rio de Janeiro, Lamola detalhou que os dados de violência nas fazendas não apoiam a narrativa de um genocídio. O ministro destacou que, nos últimos quatro anos, ocorreram 252 ataques a propriedades rurais, sendo 102 deles direcionados a trabalhadores que, em sua maioria, são negros. Dos restantes, cerca de 50 vítimas eram proprietários de fazendas, majoritariamente brancos. Esses números, de acordo com Lamola, não só desmentem as afirmações de Trump, mas também mostram a complexidade da violência rural na África do Sul.

    Lamola ressaltou que a sociedade sul-africana vive em convivência pacífica entre diferentes etnias, apesar dos desafios persistentes relacionados à criminalidade. Ele enfatizou a existência de instituições sólidas e mecanismos jurídicos que endereçam disputas sociais e questões de desigualdade.

    Além das tensões políticas, o chanceler também abordou a relevância do fortalecimento das transações financeiras entre os países do BRICS no uso de moedas locais. Ele mencionou um empréstimo recente do Novo Banco de Desenvolvimento em rands, a moeda sul-africana, como um passo importante nessa direção. Lamola acredita que essa prática pode tornar o comércio entre os países do bloco mais econômico e eficiente.

    Por fim, o ministro comentou sobre o papel da África do Sul e de outros países emergentes na reforma do sistema global, que atualmente tende ao unipolarismo. A África do Sul vê o BRICS como uma plataforma fundamental para promover parcerias que contribuam para seu desenvolvimento. Contudo, a ausência de menção ao apoio à candidatura sul-africana no Conselho de Segurança da ONU, em comparação com Índia e Brasil, foi notada. Lamola esclareceu que, para que declarações sejam aceitas, é necessário um processo de negociação que, muitas vezes, resulta em compromissos delicados.