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  • Governo Lula Elabora Estratégias para Enfrentar Taxações de Produtos Brasileiros Impostas por Trump. Diversificação Comercial é Prioridade nas Reuniões deste Terça-feira.

    O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inicia nesta terça-feira, 15 de julho, uma estratégia para mitigar os impactos das altas tarifas que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, deverá impor a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A iniciativa será formalizada por meio de um decreto que regulamentará a Lei da Reciprocidade, que será publicado no Diário Oficial da União.

    Na manhã de hoje, o vice-presidente Geraldo Alckmin se reunirá com representantes do setor industrial para discutir a diversificação dos mercados consumidores brasileiros. O objetivo é reduzir a dependência econômica em relação aos Estados Unidos, fortalecendo outras parcerias comerciais que possam compensar as perdas que as novas taxações possam causar.

    À tarde, Alckmin se encontrará com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e membros do setor agropecuário, que é um dos segmentos mais afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. O governo brasileiro espera que a diversificação das parcerias comerciais traga alívio nesse contexto desafiador.

    O presidente Lula confiou a Alckmin a missão de buscar novos aliados comerciais. Entre as possibilidades discutidas, destaca-se a expectativa de que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que já se encontra em fase avançada de negociações, seja finalizado ainda este ano. Além disso, a administração Lula planeja fortalecer laços com a Associação Europeia de Livre Comércio, que inclui países como Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.

    Apesar da expectativa de alguns membros do governo de que Trump possa reconsiderar a imposição da taxa de 55% sobre produtos brasileiros, a diversificação tornou-se uma prioridade no Palácio do Planalto. Enquanto as tarifas não são aplicadas, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está trabalhando para persuadir os Estados Unidos a não avançar com essa medida, embora os esforços até o momento não tenham se mostrado suficientemente eficazes.

    Nesse cenário, o governo brasileiro demonstra determinação em proteger suas exportações e buscar novos horizontes comerciais, reforçando a ideia de que a diversificação é fundamental diante dos desafios impostos pela política tarifária americana.

  • INTERNACIONAL –

    Cúpula do Brics no Rio Enfrenta Desafios Geopolíticos em Meio à Tensão Global e Expansão do Bloco

    A relação entre Israel e Estados Unidos (EUA) e a tensão com o Irã, um dos novos membros permanentes do Brics, representa um desafio significativo para o bloco que busca se fortalecer institucionalmente na Cúpula do Rio de Janeiro, marcada para os dias 6 e 7 de outubro. Nos últimos dois anos, o Brics cresceu de cinco para 11 integrantes permanentes e agora conta com dez novos membros parceiros. A presidência do Brasil enfrenta a difícil tarefa de gerenciar essa expansão, com o objetivo de transformar o mecanismo de cooperação multilateral e modificar a atual configuração do poder global.

    O clima de incerteza já era presente antes do conflito com o Irã, exacerbado pela guerra comercial iniciada pelo ex-presidente Donald Trump e as medidas contra países que tentam substituir o dólar em transações comerciais. Essa discussão já estava em pauta na Cúpula de Kazan, na Rússia, em 2024, à medida que as nações buscam alternativas à moeda americana, especialmente em um cenário de cerco econômico e financeiro contra a Rússia, engajada na guerra na Ucrânia.

    Dentre os temas em destaque estão Inteligência Artificial, mudanças climáticas, questões relacionadas ao Irã e à Palestina, e debates sobre saúde global e segurança. Especialistas em Brics apontam que a agenda ambiciosa proposta pela Rússia em 2022 foi moderada no Brasil, com o intuito de não provocar ainda mais a principal potência do Ocidente. A professora Ana Garcia, especialista em relações internacionais, observa que essa redução de ambição é uma estratégia para evitar tensões desnecessárias.

    A ideia de criar uma bolsa de grãos para estabilizar os preços internacionais e a ênfase na desdolarização são pautas importantes. Contudo, a cautela é evidente entre os países do Brics, que buscam um equilíbrio em um cenário global tenso. Na prática, eles evitam uma postura que possa antagonizar os EUA diretamente.

    A criação de um sistema de pagamento utilizando moedas locais, que poderia reduzir a dependência do dólar, é um dos pontos mais controversos da agenda do Brics. Essa proposta enfrenta resistência, especialmente dos EUA, que veem a perda do poder do dólar como uma ameaça. Contudo, para muitos dos países membros, essa transição gradual é necessária, mesmo que repleta de desafios.

    Além disso, a Cúpula poderá apresentar avanços em relação à institucionalização do bloco. Há a necessidade urgente de definir regras e procedimentos claros para a tomada de decisões, já que atualmente esse processo é informal e depende de consenso. A formalização deste diálogo entre os membros pode dar ao Brics uma sustentação mais robusta frente a pressões externas.

    A situação geopolítica, marcada por uma crescente polarização, exige que os membros do Brics naveguem com cautela. Enquanto a Rússia e o Irã mantêm uma postura mais assertiva, demais nações como Índia e Brasil procuram evitar proselitismos que poderiam complicar suas relações internacionais. Essa busca por uma agenda neutra, centrada no Sul Global, pode ser o caminho para um futuro mais coeso e harmonioso dentro do bloco.

    O Brics, que agora inclui 11 países – Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia – e uma lista de dez países parceiros, representa uma expressiva fatia da economia global. Com 39% do PIB mundial, 48,5% da população e 23% do comércio internacional, o Brics se posiciona como um ator relevante no cenário econômico e político mundial. Para os próximos anos, a interdependência econômica entre os membros promete crescer, refletindo a importância do agrupamento em um mundo cada vez mais multipolar.