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  • INTERNACIONAL – Brics Lança Parceria para Eliminar Doenças Relacionadas à Pobreza e Promover Saúde Equitativa para Países em Desenvolvimento

    Na última segunda-feira, 7 de outubro, os países do Brics formalizaram o lançamento da Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs). Esta iniciativa ambiciona reforçar a cooperação entre as nações participantes, mobilizar recursos e avançar em esforços conjuntos para erradicar doenças que afetam desproporcionalmente as populações em situação de vulnerabilidade, frequentemente exacerbadas pela pobreza e desigualdade social.

    A proposta é que os membros do Brics colaborem na eliminação de doenças que, por não afetarem com frequência os países desenvolvidos, acabam relegadas a um segundo plano em termos de financiamento para pesquisa e tratamento. As DSDs a serem abordadas incluem, entre outras, a tuberculose, hanseníase, malária e dengue, dependendo das especificidades de cada nação envolvida. Atualmente, fazem parte da parceria os tradicionais membros do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, além de países parceiros como Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Malásia, Bolívia e Cuba.

    A iniciativa, fruto de discussões realizadas nas reuniões que antecederam a recente Cúpula de Líderes do grupo, também foi incorporada à Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula. O tema saúde foi uma das oito prioridades definidas pela presidência brasileira do Brics, inspirando-se no Programa Brasil Saudável, que visa combater problemas sociais e ambientais que influenciam a saúde das populações vulneráveis.

    Os países do Brics estão determinados a fomentar a pesquisa e desenvolvimento de novas estratégias para saúde, incluindo vacinas e métodos de diagnóstico e tratamento. Além disso, buscam atrair investimentos internacionais e fortalecer esforços diplomáticos para inserir a erradicação das DSDs no cerne das agendas globais de saúde, promovendo assim a priorização dessa questão em fóruns multilaterais.

    O documento oficializou que os países utilizarão tecnologias inovadoras, como inteligência artificial, para potencializar o combate às doenças e estabelece cinco objetivos principais, alinhados às diretrizes da Organização Mundial da Saúde. O foco inclui o fortalecimento dos sistemas de saúde, a promoção de ações intersetoriais que considerem os determinantes sociais da saúde, e a busca por financiamento sustentável junto a instituições financeiras.

    Os primeiros passos para a efetivação da parceria envolverão seminários técnicos, atividades de capacitação e engajamento com redes de pesquisa e instituições financeiras. A colaboração entre os países do Brics representa um esforço significativo para enfrentar desafios que históricamente foram negligenciados, buscando um futuro mais saudável e equitativo para as populações mais vulneráveis.

  • África do Sul refuta acusações de genocídio contra brancos, destaca parceria no BRICS e reforça comércio em moedas locais durante cúpula no Rio de Janeiro.

    Em maio deste ano, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações polêmicas ao afirmar, sem apresentar evidências concretas, que a população branca da África do Sul, conhecida como afrikaners, estaria sofrendo um genocídio. Essa alegação causou repercussão internacional e culminou na concessão do status de refugiado a alguns membros desta comunidade pelo governo americano.

    No entanto, o ministro das Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, rapidamente refutou essas acusações. Em uma coletiva de imprensa durante a cúpula do BRICS realizada no Rio de Janeiro, Lamola detalhou que os dados de violência nas fazendas não apoiam a narrativa de um genocídio. O ministro destacou que, nos últimos quatro anos, ocorreram 252 ataques a propriedades rurais, sendo 102 deles direcionados a trabalhadores que, em sua maioria, são negros. Dos restantes, cerca de 50 vítimas eram proprietários de fazendas, majoritariamente brancos. Esses números, de acordo com Lamola, não só desmentem as afirmações de Trump, mas também mostram a complexidade da violência rural na África do Sul.

    Lamola ressaltou que a sociedade sul-africana vive em convivência pacífica entre diferentes etnias, apesar dos desafios persistentes relacionados à criminalidade. Ele enfatizou a existência de instituições sólidas e mecanismos jurídicos que endereçam disputas sociais e questões de desigualdade.

    Além das tensões políticas, o chanceler também abordou a relevância do fortalecimento das transações financeiras entre os países do BRICS no uso de moedas locais. Ele mencionou um empréstimo recente do Novo Banco de Desenvolvimento em rands, a moeda sul-africana, como um passo importante nessa direção. Lamola acredita que essa prática pode tornar o comércio entre os países do bloco mais econômico e eficiente.

    Por fim, o ministro comentou sobre o papel da África do Sul e de outros países emergentes na reforma do sistema global, que atualmente tende ao unipolarismo. A África do Sul vê o BRICS como uma plataforma fundamental para promover parcerias que contribuam para seu desenvolvimento. Contudo, a ausência de menção ao apoio à candidatura sul-africana no Conselho de Segurança da ONU, em comparação com Índia e Brasil, foi notada. Lamola esclareceu que, para que declarações sejam aceitas, é necessário um processo de negociação que, muitas vezes, resulta em compromissos delicados.