O presidente russo também fez críticas ao que chamou de “mundo unipolar”, dominado pelos Estados Unidos, sugere que este modelo está se tornando obsoleto. Segundo ele, um mundo multipolar mais justo está se configurando, com a centralidade econômica se deslocando para mercados em desenvolvimento, apoiando o crescimento no interior do Brics. Este crescimento parece refletir uma mudança na dinâmica global, em que a cooperação entre os países do bloco se torna mais vital.
Nos últimos dois anos, o Brics ampliou sua composição, passando de cinco para 11 membros permanentes, e incluindo dez novos parceiros. Putin agradeceu ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pelo “trabalho ativo” na presidência do grupo e pela implementação de iniciativas discutidas anteriormente. O líder russo enfatizou a importância da cooperação entre os membros, citando a inclusão de países relevantes de diferentes regiões, como Eurásia, África, Oriente Médio e América Latina, afirmando que possuem um potencial humano e econômico considerável.
No entanto, a ausência de Putin no evento tem um contexto mais sério: um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional, relacionado a crimes de guerra na Ucrânia, levanta preocupações sobre sua segurança ao viajar ao Brasil.
Durante a cúpula, Putin defendeu a necessidade de avançar na desdolarização do comércio entre os países do Brics, sugerindo o uso crescente de moedas locais nas transações financeiras. Ele argumentou que isso tornará as transações mais eficientes e seguras. A proposta de um sistema independente de liquidação e depósito foi um ponto central em sua fala, reforçando a intenção de reduzir a dependência do dólar.
Analistas veem o Brics como uma tentativa de equilibrar o poder global em face das potências ocidentais, especialmente à luz da crescente influência da Rússia. Especialistas em Relações Internacionais alertam que, embora o bloco tenha a capacidade de influenciar a economia global, as instituições políticas internacionais, como o FMI e a ONU, ainda são dominadas por poucos países, refletindo uma desigualdade que persiste.
Atualmente, o Brics é composto por 11 países membros permanentes e diversos parceiros, abrangendo 39% da economia mundial e 48,5% da população global. O bloco emerge como uma força crescente em um mundo em transformação, buscando reequilibrar a arquitetura de poder internacional.