Entre os tópicos mais controversos discutidos nesta fase preparatória, destacam-se os conflitos recentes entre Irã e Israel, a complexa situação na Palestina e a comparação em torno da reforma do Conselho de Segurança da ONU. Apesar dos avanços alcançados nas discussões, os países ainda não conseguiram alcançar um entendimento comum sobre essas questões.
O Irã se destaca como foco de tensão, pressionando por uma posição mais assertiva do grupo contra os bombardeios israelenses e americanos ocorridos entre 13 e 24 de setembro. Entretanto, países como Arábia Saudita e Índia, que possuem laços mais fortes com os Estados Unidos e Israel, mostraram-se cautelosos em adotar uma postura que possa prejudicar suas relações diplomáticas.
A situação na Palestina, aliada do Irã, também complica o cenário. Desde maio do ano passado, Gaza tem sido alvo de intensos ataques aéreos, resultando em um número alarmante de vítimas civis, e isso gera uma pressão adicional sobre os membros do Brics para que se posicionem de forma coesa.
Outra questão crítica diz respeito à Índia, que recententemente se envolveu em uma breve, mas intensa, disputa militar com o Paquistão. A instabilidade na região permanece, e a acusação de que a China teria fornecido informações estratégicas ao Paquistão somente exacerba as divisões internas do grupo.
Embora nem todos os líderes estarão presentes na cúpula, como é o caso do presidente da China, Xi Jinping, que será representado pelo primeiro-ministro Li Qiang, e do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que participará remotamente, a expectativa é que a reunião resulte em uma declaração conjunta. Essa declaração deve refletir as posições consensuais entre os membros e evitar a impressão de que é uma mera manifestação da presidência brasileira, o que poderia reduzir seu impacto político.
Uma estratégia adotada pelo Brasil consiste em fragmentar a declaração final em quatro partes: uma declaração geral e três específicas focadas em saúde, clima e inteligência artificial. Embora os textos ainda estejam em elaboração, há um otimismo crescente em torno da possibilidade de se chegar a um consenso.
No campo da saúde, o destaque recai sobre a proposta de estabelecer colaborações para combater doenças relacionadas a fatores socioeconômicos e ambientais, com ênfase na produção de vacinas. A estratégia é vista como uma resposta a necessidades prementes, especialmente nos países do Sul Global.
Além disso, avanços nas discussões sobre financiamento climático estão em pauta, com o objetivo de encontrar uma abordagem comum que envolva a participação de bancos multilaterais e mobilização de capital privado. Por fim, as conversas sobre inteligência artificial se concentram na busca por uma governança ética, que não apenas minimize problemas sociais, mas também ajude a enfrentar desafios como a pobreza e as mudanças climáticas.
Assim, com um ambiente político em ebulição e diversos pontos sensíveis a serem abordados, a Cúpula de Líderes do Brics promete ser um evento crucial para delinear o futuro das relações entre as nações envolvidas e, potencialmente, para a política global.